As obras de requalificação do Mercado 2 de Maio, situado no centro da cidade de Viseu, que ficará com uma praça de restauração, deverão ficar concluídas no próximo dia 09, anunciou hoje o presidente da Câmara.
“A estrutura está pronta a partir do dia 09, agora estamos a tratar das atividades que vão para lá e não fica tudo completo, é para ir enchendo ao longo do tempo”, explicou Fernando Ruas (PSD) aos jornalistas, no final da reunião do executivo camarário.
Na reunião de hoje, foi aprovado um júri – constituído pelo chef Diogo Rocha (do restaurante Mesa de Lemos, distinguido com uma estrela Michelin) e por dois diretores municipais – que ficará responsável por escolher as candidaturas mais adequadas para os espaços de restauração.
A qualidade do projeto e o valor da renda mensal proposta serão os critérios que o júri terá em consideração na sua apreciação para a ocupação das oito lojas destinadas à restauração.
As restantes lojas do mercado “têm encargos que já estão assumidos, que é o regresso de atividades que já lá existiam”, afirmou Fernando Ruas, admitindo que possa haver “uma ou outra desistência” e que também essas possam ficar para restauração.
Durante a reunião, a oposição socialista questionou a “viabilidade económica e financeira” dos negócios da praça da restauração, por entender que as oito lojas “não estão adaptadas a este tipo de função” e têm um espaço limitado.
“Não acho que haja um restaurante que vá ter ali a sua sede principal”, considerou Fernando Ruas, acrescentando que “a atividade não se resumirá ao interior da loja”, porque terá como complemento o espaço exterior, tal como acontece nos centros comerciais.
O autarca disse que a Câmara não daria sequência à ideia da praça da restauração “se não tivesse manifestações de vontade de gente que quer ir para lá”.
“Estou convencido de que vai ter êxito. Acho que o lugar fica agradável”, frisou.
A requalificação do Mercado 02 de Maio foi um projeto de Almeida Henriques (PSD), antecessor de Fernando Ruas, que, no início de 2021, motivou a contestação de dirigentes culturais, historiadores e arquitetos.
Numa carta aberta, nomes como Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, José Mateus, Nuno Sampaio, André Tavares e Francisco Keil Amaral exigiram a Almeida Henriques a revogação da decisão de executar o projeto de alteração e cobertura do Mercado 2 de Maio.
Os signatários consideravam que o projeto de cobertura constituía “um grave e inadmissível atentado patrimonial e urbanístico”, referindo que, “num desrespeito despudorado pelo trabalho autoral e pelo património da cidade”, o executivo camarário “ignorou os arquitetos Álvaro Siza e António Madureira, autores do projeto executado nos anos 90 do século XX”.
Questionado sobre o valor final da obra (após eventuais erros de projetos, omissões e revisões de preços), Fernando Ruas disse ainda não o conhecer e frisou que, agora, “o que interessa é finalizar a obra” e “dar-lhe a melhor utilidade”.
“É um Rolls-Royce que eu não comprava, mas penso que lhe vamos dar um bom aproveitamento”, sublinhou.
Aquele espaço foi inaugurado em maio de 1879 e sofreu alterações em 1914, nas décadas de 20, 40, 70 e 90. A mais polémica ocorreu entre 2000 e 2002, quando deixou de ter a utilização de mercado municipal.
A obra em curso – que contempla a cobertura para utilização 12 meses por ano, a reabilitação de lojas e respetivos telhados e a instalação de sistema de climatização – representava inicialmente um investimento global de 4,3 milhões de euros, mas já terá aumentado.