A Liga de Bombeiros Portugueses afirmou hoje que o equipamento de proteção individual para combate a incêndios rurais ainda não chegou, enquanto o ministro da Administração Interna contrapõe que a proteção civil distrital recebeu e distribuiu esses equipamentos.
“Neste momento, não chegaram e não se sabe quando é que vão chegar os equipamentos de proteção individual no combate aos incêndios rurais”, disse Jaime Marta Soares aos jornalistas no final da cerimónia do centenário dos Bombeiros Voluntários de Nelas, distrito de Viseu.
Jaime Soares contou que a promessa tem dois anos e que, “a Liga em tempo, e a tempo, avisou que não é o sistema” que os bombeiros desejam “em relação aos concursos de equipamentos de proteção individual (EPI) para o combate aos incêndios rurais, porque o sistema é altamente burocrático, exige muita capacidade de organização” desses concursos.
“O último que foi feito demorou quatro anos e nós alertamos para essa situação. Não serviu de exemplo e tenho para mim que este concurso vai demorar também cerca de três anos. Os bombeiros já esperavam no ano passado pelos EPI que não tiveram, estão à espera este ano que não vão ter e se calhar para a próxima época, acredito que possam ter”, expressou.
Jaime Marta Soares criticou o “modelo do concurso” e defendeu que “deve ser feito um levantamento daquilo que é necessário a cada corpo de bombeiros, definir o que é que cada um vai ter direito e transferir a verba para a compra” desses equipamentos.
Segundo Jaime Marta Soares, “enquanto demora três anos um concurso feito pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), nos bombeiros demora três meses, no máximo”.
“E em relação ao IVA que têm de pagar, enquanto a ANEPC paga 23%, os bombeiros pagam 6% e por aqui se vê o tremendo erro que é levar por diante um concurso desta dimensão. Ninguém aprendeu com os erros do anterior concurso e para o qual chamámos a atenção”, argumentou.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que presidiu à cerimónia do centenário dos Bombeiros Voluntários de Nelas, a primeira que disse ter participado desde fevereiro, por causa da pandemia da covid-19, disse que o equipamento é enviado à proteção civil distrital.
“Os equipamentos de proteção individual de combate a incêndios têm sido financiados também com o apoio de fundos europeus e têm sido distribuídos, reforçando o número de fatos de proteção individual que, num contexto nacional, são atribuídos e depois geridos pelas estruturas de proteção civil em cada distrito”, respondeu Eduardo Cabrita.
Sem apontar qualquer data ou prazo, Eduardo Cabrita disse que “há sempre necessidade de renovar e melhorar” e “as corporações recebem, e esse esforço é anualmente reforçado, consolidando a necessidade de equipamentos em viaturas, em reforma de quartéis, mas sobretudo também nesta dimensão de qualificação de profissionais”.
Na cerimónia do centenário, o ministro deixou elogios aos bombeiros portugueses, “a coluna vertebral da proteção civil”, lembrou os meios disponíveis para o combate aos incêndios, sendo que no dia 01 de julho esses meios aumentam e apelou ao “esforço de todos os portugueses para evitar os comportamentos de risco”.