Estudo internacional revela que o medo da compaixão ampliou o impacto nocivo da Covid-19 na saúde mental

O medo da compaixão ampliou o impacto prejudicial da Covid-19 na saúde mental,
aumentando os níveis de depressão, ansiedade e stress, revela um estudo realizado
no âmbito de um projeto internacional pioneiro sobre resiliência psicológica durante
a pandemia, liderado por Marcela Matos, da Universidade de Coimbra (UC).
Este consórcio, que explora a compaixão, a conexão social e a resiliência ao trauma
durante a pandemia de Covid-19, ou seja, os fatores que podem aumentar ou
atenuar o risco de problemas de saúde mental neste contexto, conta com a
participação de cientistas de 21 países da Europa, Médio Oriente, América do Norte,
América do Sul, Ásia e Oceânia.
Neste estudo em particular, já publicado na revista científica “Clinical Psychology
and Psychotherapy”, o universo da amostra foi constituído por 4057 indivíduos de
ambos os sexos da população geral, recrutados nos 21 países participantes.
De acordo com a coordenadora, Marcela Matos, os resultados obtidos mostram que
«o medo da autocompaixão, medo da compaixão em relação aos outros e
medo de receber compaixão dos outros estão associados a maiores níveis de
depressão, ansiedade e stress e menor sensação de segurança e ligação aos
outros», isto é, clarifica, «pessoas que têm mais medo e resistências em relação
a serem sensíveis ao seu próprio sofrimento e ao dos outros e a tentarem
aliviar ou prevenir sofrimento e que estão menos disponíveis para receber
suporte e compaixão por parte de outras pessoas tendem a apresentar mais
sintomas depressivos, de ansiedade e de stress e a sentir-se menos seguras e
conectadas/ligadas às outras pessoas».
A investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção
Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da

cristina.pinto@uc.pt
(+351) 239 452636

P. 2 / 3

Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) explica que, embora a compaixão
possa ser um fator protetor, em oposição, «o medo da compaixão aumenta a
vulnerabilidade ao sofrimento psicossocial e pode ampliar o impacto da
pandemia na saúde mental».
Outra conclusão do estudo «extremamente relevante», segundo Marcela Matos, é
o facto de «estes medos da compaixão e da autocompaixão amplificarem o
efeito nefasto da pandemia nos níveis de depressão, ansiedade e stress. Isto
significa que quanto mais medo as pessoas tiverem de ser compassivas em
relação a elas mesmas e em relação aos outros e mais resistências tiverem em
receber compaixão por parte dos outros, maior é o impacto do medo do vírus
na sua saúde mental».
Por outro lado, acrescenta, «percebemos também que o medo de receber
compaixão por parte de outras pessoas, isto é, estar menos
disponível/recetivo para receber suporte, ajuda e compaixão de outras
pessoas na nossa vida, é um importante fator de risco que agrava o impacto
nefasto da pandemia/medo do vírus na sensação de segurança e ligação aos
outros».
Face aos resultados obtidos, que são transversais aos 21 países que participaram
no estudo, a investigadora defende que as autoridades de saúde pública «devem
adotar intervenções e comunicações focadas na promoção da compaixão e da
ligação aos outros para reduzir os medos da compaixão e, assim, promover a
resiliência e o bem-estar mental durante e após a pandemia COVID-19».
A especialista do CINEICC recomenda ainda que «intervenções psicológicas de
promoção/tratamento da saúde mental focadas na compaixão e baseadas em
evidência empírica (como a terapia focada na compaixão ou o treino da mente
compassiva), em formato individual, grupal ou na comunidade, sejam usadas
para reduzir o medo da compaixão e promover a motivação e as competências
compassivas e, portanto, ajudar a proteger contra dificuldades de saúde
mental durante e após a pandemia».

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