A recém-criada Plataforma Berán no Caminho, que defende o “traçado original” do itinerário jacobeu que
liga Braga a Santiago de Compostela, anunciou esta quarta-feira, dia 5 de agosto, a realização de um
encontro de “caráter internacional e transfronteiriço” dedicado aos peregrinos.
“Uma comissão permanente está a organizar um evento anual chamado 'O Caminho em nós', que
promoverá o encontro internacional de peregrinos do Caminho da Geira e dos Arrieiros (ou Minhoto
Ribeiro)”, explica Abdón Fernández, porta-voz da plataforma e presidente da Associação do Caminho
Jacobeu Minhoto Ribeiro (ACJMR).
“O evento, ainda sem data marcada, consistirá num programa cultural, assente num projeto de caráter
transfronteiriço com Portugal e pondo em relevo a situação privilegiada de Berán como um ponto de
partida, pois está a 102 quilómetros de Santiago”, a distância mínima para os peregrinos a pé obterem a
Compostela, adianta Abdón Fernández.
Esta é uma das principais iniciativas da plataforma, constituída no sábado, dia 1 de agosto, com o “objetivo
de defender o itinerário que a ACJMR apresentou em 1 de abril de 2017 em Braga”. Está aberta à
participação de todas as associações ou pessoas individuais, e pretende ainda “defender e divulgar o
Caminho da Geira desde Beade pelo caminho real até Lebosende”
Neste sentido, “estão a desenhar-se diversas iniciativas, como abaixo-assinados, caminhadas e uma
campanha de divulgação nas redes sociais com t-shirts alusivas ao caminho”, refere o porta-voz.
A plataforma “convida todas organizações, associações e grupos de peregrinos a passarem por Berán como
gesto de apoio à manutenção do itinerário pela localidade, como está reconhecido pelo arcebispado de
Santiago de Compostela” desde 28 de março de 2019.
“Este traçado já é uma realidade, após o aval de suma importância dado pelo arcebispado, e está perto de
conseguir a oficialização pelas entidades civis”, pelo que “é importante valorizar e consolidar a passagem
de peregrinos por Berán”, salienta Abdón Fernández.
A Plataforma Berán no Caminho, promovida pela ACJMR, que defende um traçado semelhante ao proposto
pela Associação Codeseda Viva, já recolheu 225 assinaturas físicas e 190 digitais em defesa do “traçado
original” do caminho que liga Braga a Santiago, na distância de 240 quilómetros. A primeira edição de 100
t-shirts alusiva à passagem por Berán está praticamente esgotada. Esta campanha contará, em breve, com
outro tipo de artigos.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi reconhecido pela Igreja no ano passado, quando o delegado de
peregrinações do cabido da Catedral de Santiago, o deão Segundo L. Pérez López, assinou um certificado
onde refere que o traçado cumpre "as condições de outros caminhos de peregrinação" e por isso "concede
a Compostela" a quem o percorrer. Está em curso o processo de homologação pelas entidades civis.
No ano passado foi percorrido por 367 peregrinos em 10 meses. A maioria partiu de Braga (227), seguindo-
se Castro Laboreiro (104), Entrimo e Ribadavia (com oito cada).
Os portugueses constituem o maior grupo (80%), havendo ainda registo da passagem de italianos, suíços,
franceses, brasileiros, polacos e holandeses.
Além dos peregrinos que receberam a Compostela (e, como tal, entraram nas estatísticas), a associação
Codeseda Viva considera que muitos outros o fizeram, apontando uma estimativa global de 850 pessoas.