O secretário-geral do PS, António Costa, assumiu ontem que o país tem “uma grande dívida para com o interior” tendo em conta que é nesta zona que se produz um quarto da energia consumida em Portugal.
“Aqui produz-se, no interior do país, um quarto da energia elétrica que o país consome. Hoje, felizmente, já produzimos metade da energia que consumimos, que é renovável, e metade da energia renovável que consumimos é energia hidroelétrica, e isso significa uma das grandes dívidas que o conjunto do país tem para com o interior”, assumiu António Costa.
O secretário-geral do PS falava aos jornalistas depois de uma visita à Barragem da Aguieira, em Mortágua, no distrito de Viseu, no final dos primeiros dois dias de percurso pela Estrada Nacional 2 (EN2), deixando para a semana o restante percurso a começar no Algarve e a terminar do outro lado do Rio Mondego, no concelho de Penacova, distrito de Coimbra.
“Escolhi este local, porque esta barragem é muito importante e demonstra aquilo que todo o interior, e ao longo de toda EN2 tem para oferecer a todo o país”, elogiou, depois de durante a manhã ter visitado a Cooperativa Capuchinhas do Montemuro, na aldeia de Campo Benfeito, concelho de Castro Daire.
António Costa destacou ainda que além da energia, há “outras oportunidades de desenvolvimento” que “estes planos de água hoje oferecem” e, nesse sentido, enalteceu um investimento de 5,5 milhões de euros que vão ser feitos pelo Grupo Visabeira “para aproveitamento dos recursos e oferta turística” na região, segundo lhe disse o presidente da Câmara de Mortágua, José Júlio Norte (PSD).
“Convém não esquecer que o turismo é importante em si, é importante pelo que faz puxar pela indústria, do mobiliário, da louça, da cutelaria, pelo que significa de valorização de tudo o que são produções locais, mas para além do turismo, esta natureza natural extraordinária, que são os nossos rios e o seu aproveitamento como fonte de energia é um dos grandes contributos que o interior dá para o conjunto do país, visto que aqui se produz a maior parte de energia e a maior parte de energia consumida, não aqui, mas precisamente junto ao litoral”, reforçou António Costa.
Neste sentido, disse que é preciso “encontrar uma forma de utilizar este elemento como um fator de reforçar a coesão territorial, a coesão nacional, porque só desta forma equilibrada” é que se pode “ter um país globalmente mais desenvolvido no litoral, no interior e junto às regiões de fronteira”.
O secretário-geral do PS reforçou ainda que o “investimento em toda a rede hidroelétrica, foi um investimento da maior importância” que, segundo disse, permite que Portugal esteja “na vanguarda das energias renováveis”.
“Vamos completar e reforçar, porque ao longo dos próximos anos vamos não só aumentar a produção da energia hidroelétrica, como também vamos aproveitar melhor os espelhos de água como uma forma de aproveitamento de energia solar e temos de alcançar a meta a que nos propusemos: em 2050 sermos um país neutro do ponto de vista carbónico”, prometeu.
Sobre os assuntos da atualidade, o também primeiro-ministro recusou-se a falar, assumindo que “o que está em causa é o futuro” e, por isso, “é muito importante, quando se vai partir para uma nova etapa, ir ao quilómetro zero e fazer o caminho todo para ganhar novas fontes de inspiração”.
Lusa