Estudo revela a biodiversidade escondida nos espaços verdes urbanos

Um estudo publicado na revista Science Advances descreve a biodiversidade
escondida nos parques e jardins de 56 cidades à volta do mundo.
O estudo, que teve a participação dos investigadores Jorge Durán e Alexandra
Rodríguez, do Centre for Functional Ecology da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra (FCTUC), descreve, pela primeira vez, o microbioma do
solo de espaços verdes urbanos de diversos países, desde grandes cidades como
Pequim (China) ou Cidade do Cabo (África do Sul), até cidades mais pequenas
como Coimbra (Portugal) ou Alice Springs (Austrália).
O artigo científico agora publicado mostra que os solos destes espaços verdes
urbanos são importantes “hotspots” de diversidade microbiana. No entanto, à
semelhança do que acontece com as plantas e as aves, como os pombos
selvagens, muitas das espécies microbianas que habitam estes espaços podem ser
encontradas em parques de todo o mundo.
«Os espaços verdes urbanos ao longo do mundo são muito idênticos,
frequentemente com relvados e práticas de gestão semelhantes, que tendem a
homogeneizar os micróbios que vivem nas cidades de áreas muito diferentes»,
explica Jorge Durán.
Os autores do estudo notam que os espaços verdes urbanos são essenciais para a
saúde física e mental de todos os cidadãos. Mas são também «um importante
refúgio de biodiversidade animal e vegetal, facilitando a ligação entre os
ecossistemas naturais de cidades diferentes. Os espaços verdes urbanos são
vitais para o bem-estar humano na medida em que são muitas vezes o único
contacto que as pessoas têm com a natureza».

Se por um lado temos já uma ideia clara de quais as espécies de plantas e aves que
habitam os nossos espaços verdes urbanos, «sabe-se muito pouco acerca da
diversidade por debaixo dos nossos pés, apesar de constituir a maior parcela
de biodiversidade nos nossos parques e jardins. Estes micróbios estão em
contacto direto connosco quando passamos tempo no exterior a praticar
desporto e a socializar nos parques, e desempenham um papel importante na
promoção do nosso sistema de imunorregulação e na redução de alergias»,
acrescentam.
O estudo também destaca que os espaços verdes urbanos comportam uma
proporção maior de patógenos de plantas e fungos e uma predominância menor de
micróbios simbióticos em comparação com os ecossistemas naturais. Além disso, os
solos dos parques da cidade têm uma maior quantidade de genes associados à
resistência a antibióticos, patógenos humanos, emissões de gases de efeito estufa e
resistência ao stress ambiental do que as áreas naturais.
Este estudo demonstra ainda que as condições socioeconómicas e climáticas
podem influenciar os micróbios que habitam nos nossos parques, com evidência de
que as cidades mais densamente povoadas têm uma proporção maior de genes-
chave de resistência a antibióticos e de que cidades mais quentes têm uma maior
quantidade de fungos patógenos de plantas. «Os resultados obtidos sugerem que
o combate às pragas de plantas nos parques da cidade será mais difícil e
custoso face às alterações climáticas», reflete Alexandra Rodríguez.
Este esforço global de colaboração, no qual investigadores de dezenas de
instituições recolheram amostras de solo de 112 ecossistemas terrestres em 17
países, fornece a primeira lista de espécies de archaea, bactérias, fungos e protistas
que habitam os nossos parques.
«O solo dos nossos parques alberga uma enorme biodiversidade microbiana,
mas a realidade é que sabemos muito pouco sobre a identidade e função da
maioria destes micróbios. Investigações futuras ainda são cruciais para
aprender mais sobre estes micróbios que partilham connosco os espaços

um todo o mundo», conclui Delgado-Baquerizo (Universidade Pablo de
Olavide, Espanha), primeiro autor do artigo.

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