O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas (PSD), lamentou que o Estado continue a “privilegiar as influências dominantes das áreas metropolitanas” e reiterou a importância do processo de regionalização para o interior do país.
“Precisamos urgentemente de um maior investimento do Estado central no interior do país. Precisamos urgentemente de melhorar a coesão territorial por via de um processo de regionalização em que as regiões se imponham”, afirmou o autarca, durante a reunião da Assembleia Municipal.
O antigo presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) lembrou que se soube recentemente que “o novo polo de formação de juízes se irá situar, mais uma vez, em áreas metropolitanas”, uma vez que foi escolhida a cidade de Vila do Conde.
Apesar de não ter nada contra Vila do Conde, Fernando Ruas considerou que foi mais uma oportunidade que se perdeu de reduzir assimetrias.
Segundo o autarca social-democrata, Portugal é um país “em que só as áreas metropolitanas estão acima da média nacional no ganho médio mensal e no rendimento bruto declarado por habitante, muito por força da concentração de investimento público”.
“Foi ainda anunciado mais um curso de Medicina. Mais uma vez numa área metropolitana. Mais um exemplo desse centralismo”, acrescentou.
Ruas lamentou também que Viseu tenha ficado de fora do programa Mais Médicos, “que vai abranger unidades de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Santiago do Cacém, Beja e Covilhã”.
Durante a Assembleia Municipal, a deputada social-democrata Ana Paula Santana apresentou uma moção (que foi aprovada, com 14 abstenções) a repudiar a decisão do Governo de instalar o polo do Centro de Estudos Judiciários em Vila do Conde e a reclamar a melhoria dos serviços públicos no concelho, dando como exemplo o que se passa nas conservatórias.
Fernando Ruas contou que, depois de informações dos serviços municipais sobre a “dificuldade em fazer marcações e registos com a brevidade necessária”, questionou as conservadoras, tendo percebido que “os problemas se devem a manifesta falta de meios humanos”.
“E isso está a dificultar quer os serviços da Câmara Municipal, quer do cidadão comum”, acrescentou.