Vinte e dois alunos de Vila Nova de Paiva representaram Portugal na cerimónia do 70.º aniversário do Parlamento Europeu e viveram a experiência de “serem” eurodeputados.
“O Parlamento Europeu é muito moderno, elaborado e muito importante, estão lá representados todos os países da União Europeia e eu estive sentado num daqueles lugares e senti-me importante”, admitiu Pedro Miguel.
Aluno do 6.º ano de escolaridade em Vila Nova de Paiva, distrito de Viseu, foi um dos 22 alunos que representou Portugal em 30 de maio, em Estrasburgo, inserido no projeto “Let´s Celebrate Europe” (Vamos celebrar a Europa, tradução livre), a propósito dos 70 anos do Parlamento Europeu.
Pedro Miguel, Mafalda Pires e Enzo Silva falaram à agência Lusa em representação dos colegas e os três manifestaram o “privilégio e a honra” de terem representado o país junto de outros alunos dos outros 26 países da União Europeia.
“Consegui falar no parlamento e acho que até fiquei um bocadinho nervoso. Perguntei ao astronauta o que é que ele mais gostou de ver no espaço, porque eu queria muito saber, porque gosto de estrelas e da aurora boreal”, contou Enzo Silva.
Este aluno destacou-se entre os colegas, porque foi o único da comitiva portuguesa a conseguir questionar o astronauta alemão que marcou presença no hemiciclo europeu para falar com os jovens estudantes.
“Agora estou muito mais atenta às notícias e ao que se passa no Parlamento, porque seria errado se estivesse ali sem saber nada. Agora estou mais desperta e quem sabe se um dia não me sento ali como deputada”, disse Mafalda Pires.
Sem nunca terem estado no hemiciclo português, a presença em Estrasburgo foi o “concretizar de um sonho que nem sabia que existia”, admitiu Mafalda Pires, que assumiu “nunca ter pensado que era possível estar ali”.
“Mas estive e, agora, acho que é possível voltar ou ir ao Parlamento português, a Lisboa”, acrescentou a aluna, que se confessou “mais atenta e curiosa” ao que a rodeia e “às diferenças” que existem nas diversas culturas.
Diferenças que causaram “algum impacto” ao longo da semana em que viveram em casa de alunos, em Bischwiller, nas imediações de Estrasburgo, e que para o ano visitam Vila Nova de Paiva, ao abrigo do projeto da União Europeia.
Tirar os sapatos à entrada de casa, como teve de fazer Enzo, que ficou com uma família de origem turca, não tomar o pequeno-almoço, como aconteceu a Pedro, ou usar o tradutor do telemóvel para comunicar com a família francesa, como Mafalda explicou, foram alguns dos desafios que os alunos enfrentaram.
“Mas valeu a pena”, reconheceram os três estudantes que também aproveitaram a experiência de passarem um dia no Colégio André Maurois, em Bischwiller, para “tentar adaptar” à escola de Vila Nova de Paiva o que mais gostaram.
Entre o que mais os marcou está o “cartão de cores para as senhoras da cantina saberem se devem colocar muito ou pouco no prato e isso é o aluno que escolhe, dependendo do apetite” de cada um.
“Já pedimos aqui na nossa escola para trocarem o toque da campainha por música, como lá na escola deles. É muito melhor. Há uma música para ir para as aulas e outra para anunciar a saída. É muito fixe”, destacaram.
Já pela negativa, os jovens estudantes reconheceram que “uma aula de dois tempos sem intervalo não é fácil” e “é muito exigente”, assim como a “proibição do telemóvel ou ter de pedir a chave da casa de banho se se quiser usar a meio das aulas”.
Uma experiência que Anabela Campos, um dos cinco professores que viajaram com os alunos e a responsável pela comitiva, destacou como “uma grande aprendizagem pessoal e social” na vida dos estudantes.