A Sousa Mendes Foundation, organização sediada nos Estados Unidos, dinamiza este mês uma “peregrinação”, entre Bordéus e Lisboa, com familiares de refugiados que receberam vistos do diplomata português, em 1940.
A viagem reúne membros de seis famílias, num total de 30 a 35 pessoas, que irão percorrer a “Journey on the Road to Freedom” (“Viagem na estrada para a liberdade”, em português), entre 15 e 24 de julho, de Bordéus a Lisboa, passando por Cabanas de Viriato, em Carregal do Sal, onde irão ver a Casa do Passal, atualmente a ser convertida num futuro museu dedicado a Aristides de Sousa Mendes, disse à agência Lusa a membro do conselho de administração da Sousa Mendes Foundation, Mariana Abrantes.
Esta fundação americana, que colabora com a Fundação Aristides de Sousa Mendes de Portugal, já tinha organizado viagens semelhantes com familiares de refugiados ajudados pelo diplomata português no passado, retomando-as agora, após o interregno provocado pela pandemia, aclarou.
“Esta peregrinação tem como objetivo trazer à Europa sobretudo descendentes de famílias de refugiados que foram salvos e que passaram por Portugal, sempre em combinação com a fundação portuguesa, a Câmara de Carregal do Sal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Comité Aristides de Sousa Mendes que existe em Bordéus”, realçou Mariana Abrantes.
O grupo irá visitar Bordéus e Bayonne, onde Aristides de Sousa Mendes passou vistos a vários refugiados que fugiam do genocídio engendrado pelos nazis, e seguirão, após uma breve passagem por Espanha, até Vilar Formoso, onde visitam o Memorial aos Refugiados e ao cônsul português.
No dia 20 de julho, o grupo irá passar o dia em Carregal do Sal, concelho de onde é natural Aristides de Sousa Mendes.
Após um dia no Porto, o grupo irá passar também pela Figueira da Foz, onde familiares de duas das famílias por lá moraram, seguindo depois para Cascais, terminando a viagem em Lisboa, onde poderão ver o livro de vistos passado por Aristides de Sousa Mendes.
Sempre com pessoas que irão contextualizar cada local e a sua história, a viagem terá também a participação de familiares de Sousa Mendes, por forma a promover um encontro entre familiares dos refugiados e do diplomata, realçou Mariana Abrantes.
“Isto não é turismo cultural. É uma peregrinação, em que as pessoas vão acompanhar os passos dos avós e de outros refugiados que fugiram dos nazis. É uma experiência emocional e afetiva”, vincou a responsável.