Uma plataforma onde se contam histórias positivas de todos
aqueles que contribuem para que o despovoamento não seja uma
tendência inexorável, relatando casos inspiradores de pessoas que
lutam para o inverter. Com isso, pretende-se valorizar os territórios
de baixa densidade, promover o turismo em ambiente rural e
estimular a fixação de gente nas aldeias portuguesas. Em última
análise, contribuir para o aumento da coesão territorial nacional.
É hoje lançado o projeto Rostos da Aldeia , uma plataforma onde se publicam
histórias positivas de todos aqueles que contribuem para que o despovoamento não
seja uma tendência inexorável, relatando casos inspiradores de pessoas – novas e
velhas – que lutam para o inverter.
Com o objetivo de valorizar os chamados territórios de baixa densidade, as aldeias
portuguesas serão, pois, o ponto de partida para promover exemplos distintivos
ligados à boa hospitalidade, à gastronomia de qualidade, às artes e ofícios, às
tradições e à cultura popular.
Luísa Pinto, jornalista há mais de 20 anos e principal impulsionadora do projeto,
afirma que o que se pretende é “por um lado, documentar a vida nos territórios do
Interior, com especial enfoque nos habitantes impulsionadores da mudança ou
criadores da diferença; e, por outro, mostrar que as aldeias de Portugal podem ser
locais de fruição, espaços que oferecem qualidade de vida e onde existem motivos
de interesse regionais que os tornam únicos e distintivos”. Mas não só. O objetivo
último será motivar mais pessoas a visitarem os territórios e, quem sabe até, neles
se fixarem. “Estamos conscientes da capacidade que a comunicação tem de
gerar novas dinâmicas regionais, trazidas por novos residentes e pequenos
investidores”, salienta.
Na plataforma, acessível em www.rostosdaaldeia.pt , serão publicados filmes
documentais sobre as aldeias e suas gentes, da autoria do multipremiado
videógrafo Tiago Cerveira – ele próprio natural de uma aldeia no centro do país -,
que terão bandas sonoras originais criadas pelo compositor Luís Pedro Madeira
com base em sonoridades e instrumentos regionais; relatos na primeira pessoa e
entrevistas aos protagonistas, pela mão da jornalista Luísa Pinto; e ainda guias
práticos da autoria de Filipe Morato Gomes – o rosto por detrás do conceituado
blogue de viagens Alma de Viajante -, que possam servir de roteiros e de inspiração
para motivar mais pessoas a visitarem as aldeias de Portugal e a aumentarem a
duração média das estadas.
Nas palavras de Luísa Pinto – que em 2014 criou um portal dedicado aos bons
exemplos da hotelaria portuguesa chamado Hotelandia -, Rostos da Aldeia quer,
pois, “levar a atenção a essas aldeias, muitas das quais resistiram no tempo mesmo
depois de quase se esvaírem de gente; revelar o quotidiano, a rotina, o labor e o
amor de que se faz a vida das suas gentes. Falar dos chamados territórios de
baixa densidade enquanto lugares de oportunidades”. “Com espírito de missão
mas sem romantismos, porque viver no interior não é um mar de rosas”,
remata Tiago Cerveira.
A plataforma dispõe também de uma loja online, a partir da qual se direcionam os
visitantes, de forma gratuita e sem comissões, para produtos regionais ou serviços
organizados localmente – como passeios guiados ou workshops de pão em forno a
lenha. Com tudo isto espera-se, de alguma forma, contribuir para a vitalidade dos
agentes económicos locais.
Os autores estiveram já na aldeia de Ferraria de São João, no município de Penela;
em Campo Benfeito, no concelho de Castro Daire; e no conjunto de aldeias
conhecido por Argas (Arga de Cima, Arga de Baixo e Arga de São João), em
Caminha (a publicar brevemente) – visitas ao longo das quais privaram com pessoas
inspiradoras como Eduardo Correia, diretor artístico do Teatro do Montemuro, as
quatro mulheres fundadoras da cooperativa Capuchinhas, ou Mário Rocha, ideólogo
do projeto artístico Arte na Leira, entre muitas outras.
A ideia é agora percorrer o país de lés a lés, em busca de outras histórias de
pessoas inspiradoras que promovam a divulgação dos seus territórios e motivem
novos visitantes e potenciais moradores.