Fruticultores de Armamar contestam estudo sobre pesticidas nas maçãs e peras

A Associação de Fruticultores de Armamar (AFA) contestou o estudo da rede de organizações não governamentais “PAN Europa” sobre a quantidade de pesticidas perigosos nas maçãs e peras portuguesas, considerando que está desatualizado e não tem “dados representativos”.

Num “manifesto de descontentamento” enviado à agência Lusa, o presidente da associação, José Osório, referiu que o estudo “deveria ter levado em consideração os dados nacionais, publicados pelas entidades competentes, que são muito mais representativos, isentos e credíveis”.

De acordo com o estudo divulgado na segunda-feira, as maçãs e peras portuguesas estão no segundo lugar do “ranking” da maior proporção de frutas contaminadas em 2019.

Em 85% das peras portuguesas testadas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos.

A AFA lamentou o “impacto muito negativo no setor” provocado pela notícia sobre este estudo.

No seu entender, a notícia resultou “de um relatório pouco credível e que não tem em conta diversos aspetos importantes, a começar por uma amostra representativa, quer em número, quer em pontos de recolha, LMR [limites máximos de resíduos] ou até quais os métodos de análise e os laboratórios usados”.

“A produção nacional tem diversos controlos, desde o produtor até ao consumidor, e estes controlos são feitos por diversas entidades, governamentais ou não, mas todas certificadas para o efeito”, garantiu.

A AFA desenvolve a sua ação em Armamar e nos concelhos limítrofes de Moimenta da Beira, Tarouca e Lamego (no distrito de Viseu), sendo a produção comercializada quer no mercado nacional, quer no internacional, nos quais “se tem imposto pela qualidade do produto”.

Segundo a associação, nesta região, “os agricultores têm certificação em produção integrada e, destes, uma boa parte tem GlobalGap”.

“Estas certificações estão sujeitas a análises de resíduos desde a produção até à distribuição”, explicou, acrescentando que, “em centenas de análises que são feitas anualmente aos frutos, às vezes até pelas cadeias de distribuição, não têm sido detetadas não conformidades nas amostras”.

Os agricultores da região “foram dos primeiros a criar associações de fruticultores” e a implementar “modos de produção sustentáveis, cada vez mais evoluídos e amigos do ambiente”, bem como a certificar os seus produtos, sublinhou.

A AFA lamentou que os órgãos de comunicação social, “em vez de serem cooperantes com a produção nacional, tentem denegrir a sua imagem junto dos consumidores”.

A “Pesticide Action Network” (PAN), fundada em 1982, é uma rede de mais de 600 organizações não governamentais, instituições e pessoas de mais de 60 países que procura minimizar os efeitos negativos dos pesticidas perigosos e substituí-los por alternativas ecologicamente corretas e socialmente justas.

A PAN Europa foi criada em 1987 e reúne 38 organizações de consumidores, de saúde pública e ambientais, entre outras.

Segundo o estudo, ao nível da União Europeia, as taxas de contaminação tanto para maçãs como para peras mais do que duplicaram entre 2011 e 2019.

Os autores da análise salientaram que “tem havido um aumento dramático de fruta vendida ao público com resíduos dos pesticidas mais tóxicos que deveriam ter sido banidos na Europa por razões de saúde”.

Na quarta-feira, o Governo considerou que o estudo da PAN apresenta uma “mensagem alarmista”, ao abranger um conjunto limitado de produtos, sem referência aos limites máximos, precisando que, em 2020, 93,6% das amostras nacionais estavam em conformidade.

Em resposta à Lusa, o Ministério da Agricultura sublinhou que o estudo aborda a presença de resíduos num “conjunto limitado” de produtos, nomeadamente o kiwi, cereja, maçã, pera, pêssego, aipo, pepino, espinafre e alface, “sem, no entanto, referir a que níveis são encontrados estes resíduos ou fazer qualquer menção ao cumprimento dos limites máximos de resíduos estabelecidos comunitariamente”.

Neste sentido, o executivo destacou que, em 2020, 93,6% das amostras em Portugal estavam em conformidade legal, 46,5% sem resíduos detetáveis e 47,6% com resíduos inferiores aos limites máximos de resíduos.

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