António Lobo Antunes dá o mote à oitava edição do festival literário Elos, com iniciativas dedicadas ao escritor, num ano em que são inauguradas “casinhas de leitura” e em que o evento se alarga à região, anunciou hoje a organização.
“A ligação afetiva muito grande de António Lobo Antunes ao nosso concelho – [escritor] que nasceu em Lisboa mas sempre disse que o seu coração pertencia a Nelas, onde passava férias em casa dos avós – leva-nos, com muito orgulho, a fazer este tributo, esta homenagem, nesta edição”, justificou o presidente da Câmara de Nelas, Joaquim Amaral.
A oitava edição do festival literário Elos, a decorrer de 12 a 20 de abril, tem como tema “À Volta de António Lobo Antunes” e conta com duas exposições sobre o escritor, uma na Biblioteca Municipal António Lobo Antunes, sobre as suas memórias, e outra na Fundação Lapa do Lobo, sobre o mundo do autor.
“Contamos ainda com a presença da mulher de António Lobo Antunes, Cristina Lobo Antunes, que nos honrará num dos momentos do festival, uma vez que o escritor já não faz aparições públicas”, revelou Joaquim Amaral.
O festival é organizado pela Rede de Bibliotecas de Nelas, da qual faz parte a Biblioteca da Fundação Lapa do Lobo, a Biblioteca Municipal António Lobo Antunes, as Bibliotecas dos Agrupamentos de Escolas de Canas de Senhorim e de Nelas e a Biblioteca José Adelino, de Canas de Senhorim.
Rui Fonte, da Fundação Lapa do Lobo, na apresentação do programa, disse que o festival também será palco para o teatro “Muito riso, muito siso”, pela Associação Cultural Orfeu, uma peça que assenta em textos de vários autores, incluindo António Lobo Antunes.
Na edição deste ano, a iniciativa “Leitura às cegas, prova de livros” está de regresso ao festival após “alguns anos” sem se realizar, disse Rui Fonte, e, desta vez, “vai realizar-se na casa que era dos avós de António Lobo Antunes.
O percurso literário “Pelas memórias de António Lobo Antunes”, inaugurado há um ano, está de regresso este ano e tem como objetivo passar por locais referenciados pelo escritor em crónicas e que fazem parte das suas memórias de infância.
No primeiro dia do festival, vão ser inauguradas seis “casinhas de leitura” que “serão estrategicamente distribuídas pelo concelho, para que as pessoas possam levantar livros e levar para casa para ler, e depois ir trocar”.
“A ideia é levar a leitura para junto das pessoas para promover e incentivar a leitura. As casinhas têm livros doados por particulares com o objetivo de serem partilhados e estão disponíveis para acolher mais livros”, esclareceu a bibliotecária Paula Vitória.
Esta responsável pela Biblioteca Municipal António Lobo Antunes acrescentou que, para já, vai haver duas “casinhas de leitura” na vila de Nelas, uma em Canas de Senhorim, uma na Lapa do lobo e uma outra nas Caldas da Felgueira e uma em Santar.
“Estas casinhas ficarão o ano inteiro e a ideia é para o ano haver mais casinhas no concelho de Nelas e até alargar à região” da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, afirmou Paula Vitória.
A edição deste ano do festival, cuja programação pormenorizada está disponível nas páginas digitais da Câmara de Nelas e da Fundação Lapa do Lobo, é alargada aos municípios de Mangualde e de Vila Nova de Paiva.
“Um operador turístico de Mangualde vai apresentar o roteiro ‘O retrato de Ricardina’, [sobre] o livro de Camilo Castelo Branco, e dar-nos um olhar diferente da literatura no turismo”, através de um percurso, esclareceu Paula Vitória.
Do concelho de Vila Nova de Paiva, contou, será dado “a conhecer a Rota Aquiliana nas Terras do Demo, que inclui os concelhos de Moimenta da Beira e de Sernancelhe”.
A exposição “Pelas memórias de António Lobo Antunes”, patente na biblioteca de Nelas, vai depois em itinerância pelas bibliotecas municipais dos 14 municípios da CIM Viseu Dão Lafões.
“Este é um primeiro passo de alargar o Elos à região e, o objetivo é chegarmos à nossa 10.ª edição com o festival literário em registo nacional”, assumiu o presidente da Câmara de Nelas, Joaquim Amaral.
O festival, que se prolonga com iniciativas depois do dia 20, conta também com homenagens a Luís de Camões, nos 500 anos do seu nascimento, e com a presença de autores como, por exemplo, Jorge Justo, Isabela Figueiredo e André Pereira.
Este ano, disse a organização, está “também de regresso o Jantar literário”, que acontece nas Caldas da Felgueira, e mantêm-se os “já tradicionais” Leitores do Fraque e a Feira do Livro, na biblioteca municipal.