O economista Daniel Bessa defendeu ontem uma redução da taxa de IRC em concelhos como o de Tondela (distrito de Viseu), que não considera ser um território de baixa densidade e é muito procurado por indústrias.
“Se há concelho onde era bem vinda uma redução de IRC para as regiões que não são as mais desenvolvidas era aqui”, afirmou Daniel Bessa em Tondela, durante a conferência “As regiões de baixa densidade, uma oportunidade de desenvolvimento”, organizada autarquia, em parceria com o jornal Expresso.
Na opinião do antigo ministro da Economia, a redução da taxa de IRC “não resolve nada noutros concelhos”, como aqueles que vendem “fumeiro, cestaria ou o ar da serra”, mas seria importante em Tondela, porque o concelho tem uma grande procura “por parte de empresas industriais”.
“Acho que aqui a redução do IRC era quase a cereja em cima do bolo”, frisou, acrescentando que a autarquia deverá continuar a trabalhar para ter boas acessibilidades e a oferecer terreno industrial com boas condições.
Daniel Bessa disse conhecer bem os problemas dos territórios de baixa densidade, até porque esteve envolvido no Plano de Recuperação das Áreas e Setores Deprimidos, durante o Governo de Durão Barroso.
“No interior do interior, se há região que não é de baixa densidade é Viseu, onde há um desenvolvimento que é muito superior a todos os outros distritos do interior”, frisou, apontando os exemplos de desenvolvimento dos concelhos de Viseu, Mangualde, Tondela, Nelas e Oliveira de Frades.
De acordo com o economista, no concelho de Tondela, “50% da mão de obra está na indústria” e o poder de compra “é de 75% da média nacional e cresceu muitíssimo, sobretudo nos últimos dez anos”.
“Portanto, isto não é uma região de baixa densidade”, frisou.
O presidente da Câmara de Tondela, José António Jesus, considerou que “a atividade económica está na esfera dos investidores e empreendedores”, cabendo às autarquias “agilizar procedimentos, gerar confiança, criar instrumentos e planos que proporcionem mais oportunidades de investimento”.
O autarca social-democrata disse que Tondela se transformou “num dos principais centros de produção da região, com principal incidência no setor automóvel”, que acolhe mais de 2.100 trabalhadores.
“Há cerca de dois anos, instalou-se entre nós a Eberspaecher, que previa criar, até 2021, 550 postos de trabalho. O que dizer quando, no final de 2018, a fasquia dos 600 postos de trabalho já estava ultrapassada?”, questionou.
José António Jesus explicou que “foi preciso criar condições para que Tondela fosse atrativa para estes projetos”.
O autarca disse que, “de forma contínua a permanente, no concelho de Tondela, aumentam os postos de trabalho”, seja no setor automóvel, seja em outros, como o farmacêutico e o agroalimentar.
“Cada vez mais nos destacamos nas exportações. Só no setor automóvel estimamos estar próximos dos 400 milhões de euros de exportações. Associados aos demais setores, não será difícil perspetivar que estaremos a duplicar esta cifra no total das exportações”, acrescentou.
Lusa