A associação cultural Binaural Nodar assinala este ano duas décadas de atividade sem esquecer o passado, mas com o olhar no futuro, no qual espera conseguir consolidar o seu papel em todo o território Viseu Dão Lafões.
Binaural Nodar é um projeto cultural que atua, desde novembro de 2004, nas áreas das paisagens sonoras e artes sonoras e media, documentação etnográfica audiovisual, educação sonora, criação para rádio e produção editorial.
Inicialmente, a associação instalou-se em Nodar, uma pequena aldeia de São Pedro do Sul, e atualmente encontra-se sediada em Vouzela, tendo como objetivos para os próximos anos replicar projetos de trabalho comunitário, retomar a componente internacional e trabalhar sobre a mudança social dos lugares, atendendo ao fluxo de imigração que se tem registado.
“Com os recursos que existem, que são sempre limitados, queremos ser o mais eficientes possível a chegar a novas comunidades e a fazer projetos que tenham impacto nas pessoas”, explicou o coordenador da Binaural Nodar, Luís Costa.
No seu entender, este é “o aspeto que melhor distingue” o tipo de intervenção da Binaural Nodar.
O modelo de intervenção da Binaural Nodar passa por atuar simultaneamente “num plano intensamente local, promovendo um conceito de laboratório permanente de mediação social, junto de comunidades rurais”, e “num contexto global, com atividades desenvolvidas com artistas contemporâneos, museus, universidades e organizações culturais de muitos países”.
Apesar de os 20 anos só se completarem em novembro, até lá serão dinamizadas várias atividades comemorativas.
Uma delas é a divulgação, nas redes sociais, de documentos que pretendem relembrar pessoas, comunidades e momentos.
A associação pretende também “incorporar a efeméride no ciclo de residências artísticas previstas para este ano e trazer à liça material que tem sido recolhido e que ainda não está sistematizado”.
Luís Costa frisou que se pretende, “por um lado, continuar a estar com as pessoas e, por outro, olhar para trás, para o que já se fez e dar-lhe valor”, lembrando que o arquivo digital da associação tem perto de dois mil documentos.
Durante este ano, a água será temática em destaque no plano de atividades, que abordará “a etnoecologia e a forma como as comunidades rurais se relacionam com os recursos naturais, em termos culturais e construtivos”.
Luís Costa considerou que, apesar de a Binaural Nodar ser uma “organização com novos projetos, que foi integrando camadas de atividades”, não perdeu as suas raízes.
“Foram 20 anos muito intensos, que refletem várias fases em termos territoriais, de intervenção, equipas e de foco do seu conjunto de iniciativas. Começámos muito orientados à volta da aldeia de Nodar e para o acolhimento de residências artísticas”, recordou o responsável.
Gradualmente, foram sendo introduzidas “novas tipologias, como ateliês, recolhas de som e a organização de documentação, que foi evoluindo para um arquivo digital”, e a associação começou a fazer as próprias criações artísticas, acrescentou.
Neste âmbito, Luís Costa disse não ter dúvidas de que, “apesar dos altos e baixos, os objetivos têm vindo a ser cumpridos e o conceito da Binaural Nodar continua a ser válido, o que se reflete num projeto estruturado e nos apoios que têm vindo a ser granjeados”.
A Binaural Nodar é uma estrutura cultural apoiada pela Direção-Geral das Artes.