Rede Artéria vai promover em Belmonte um seminário que visa analisar, refletir e lançar pontes sobre as estratégias de futuro para os territórios do interior, disse hoje à agência Lusa a coordenadora deste projeto cultural.
Com o mote “Estratégias para inventar o futuro: o interior em análise no Pós-Pandemia”, a iniciativa naquele município do distrito de Castelo Branco está marcada para os dias 02 e 03 de setembro, será em formato presencial e vai reunir agentes culturais, autarcas, académicos, agentes de desenvolvimento do território e pessoas de diferentes setores de atividade que conhecem aqueles territórios.
O objetivo passa por unir visões e experiências distintas para que, “em cooperação e todos juntos”, possam ajudar a “gizar algumas possibilidades de trabalho sobre o futuro”, disse à agência Lusa Isabel Craveiro, diretora de ‘O Teatrão’, de Coimbra, que coordena a Rede Artéria.
“Estes dois dias vão servir para apontarmos quais são os fatores que colocam estes territórios à frente dos outros, neste momento tão marcado pela pandemia. Como é que esses fatores podem constituir uma alavanca de desenvolvimento”, detalhou.
Lembrando que a “atividade cultural tem de se alimentar e contactar com todas as áreas da comunidade”, Isabel Craveiro destaca a mais-valia deste seminário também “convocar” diferentes polos de saber e de integrar outras áreas.
Por outro lado, frisa, esta ação segue uma matriz de trabalho assente na cooperação e que assimila o momento presente.
“A pandemia também nos obrigou a refletir um pouco mais sobre o que vai ser a próxima fase da nossa vida e esta situação pós-pandémica. O que podemos aprender com tudo isto e que vantagens terão os territórios do interior nesta reorganização da relação com a comunidade; da nossa relação com o meio natural, com a produção cultural e artística e com desenvolvimento dos territórios”, acrescentou.
Lançada em 2018, a Rede Artéria engloba os municípios de Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu, num projeto de programação e criação artística, desenvolvido em rede e com o envolvimento da comunidade local, mas também com a aposta no acompanhamento científico e na reflexão sobre a “forma como a atividade artística pode contribuir para refundar as bases da cidadania, da democracia e da sustentabilidade urbanas”.
Ao longo deste tempo, o projeto permitiu criar diferentes espetáculos inspirados em realidades locais, sendo que a próxima apresentação está agendada para sexta-feira e sábado, na Figueira da Foz, com o espetáculo “Luto”, baseado nos incêndios de outubro de 2017.
Trata-se de um espetáculo de André Braga e Cláudia Figueiredo que lembra o incêndio de 15 de outubro de 2017, e que estreou em Tábua, em julho de 2019, resultado de um “processo de criação artística”, que envolveu aquele município do interior do distrito de Coimbra e a população local.
Agora sobe ao palco na Figueira da Foz (espaço envolvente da piscina municipal do Paião) e será a última produção artística a ser apresentada no âmbito da Rede Artéria, que termina em dezembro, com uma publicação final dos resultados e dos impactos.
Os dados ainda estão a ser analisados, mas, num primeiro balanço, Isabel Craveiro mostra-se convicta de que esta foi “uma experiência muito valiosa” para todos os envolvidos, designadamente pelas criações, por ter permitido uma cooperação muito alargada, por ter envolvido as comunidades e por ter dado origem a um conjunto de artigos, no âmbito da componente académica.