Trabalhadores da Câmara de Vouzela e de outras instituições, comunidade escolar e pais de crianças até aos três anos vão, durante dois anos, beneficiar de um projeto que promove a inteligência emocional e a saúde mental positiva.
O projeto, que tem um plano de ação para 2024 e 2025, vai desenvolver-se no âmbito de um protocolo de colaboração, hoje assinado entre a Câmara Municipal de Vouzela e o Instituto Politécnico de Viseu, através da sua Escola Superior de Saúde (ESS).
No entender do presidente da autarquia, Rui Ladeira, “a promoção da saúde mental é uma responsabilidade de toda a sociedade e deve mobilizar todos os cidadãos, cabendo às autarquias o papel de dinamização e apoio às instituições no concelho”, para que seja criado “um ambiente que assegure as condições e a qualidade de vida dos cidadãos no presente e no futuro”.
“É necessário falarmos cada vez mais de saúde mental, porque é importante e muitas vezes desvalorizada”, defendeu.
Rui Ladeira considerou que a pandemia de covid-19 colocou “em evidência consideráveis necessidades não satisfeitas da população”, cuja resposta “não passa apenas por melhor capacitar os sistemas de saúde”.
Para o autarca social-democrata, “é necessário que a agenda política nacional dê prioridade à saúde mental em políticas públicas de educação, trabalho e de apoio aos mais vulneráveis”.
Patrícia Alves, da equipa da Unidade Científico Pedagógica de Saúde Mental e Psiquiátrica da ESS, explicou que a equipa começará por trabalhar com os funcionários da Câmara, sendo implementadas oficinas de inteligência emocional e de saúde mental positiva.
“Nove em cada dez trabalhadores tem, no mínimo, stress laboral. Temos um absentismo grande por stress e nem sempre conseguimos ver que o outro não está bem”, afirmou.
Segundo a docente, os problemas mentais levam “a que os erros aumentem, a qualidade de trabalho diminua” e que as pessoas estejam “apenas presentes”, porque “estão doentes e não estão motivadas para o trabalho”.
O projeto vai depois alargar-se aos trabalhadores de outras entidades e instituições, à comunidade escolar e aos progenitores, cuidadores ou pessoas significativas dos bebés até aos primeiros mil dias de vida.
“Os adolescentes têm muito mais facilidade em ouvir o colega do lado”, porque “se sentem incompreendidos pelos pais”, referiu Patrícia Alves, acrescentando que, nesse âmbito, “será identificado um grupo de estudantes com mais competências sócio-emocionais que poderá realizar uma formação”, para depois poderem ajudar os seus pares.
A docente disse que não podiam ficar de fora do projeto os progenitores, cuidadores ou pessoas significativas dos bebés até aos primeiros três anos de vida, uma vez que “há um aumento cada vez maior dos maus-tratos e negligência por parte dos pais”.
Patrícia Alves sublinhou a importância de o bebé “sentir o amor e o carinho dos pais”, sendo “o abraço, o acolher e o segurar” muito importante para o desenvolvimento da sua saúde mental.
“Pretendemos que haja saúde mental dos progenitores, diminuir estes casos de maus-tratos e negligência e aumentar a vinculação na tríade pai, mãe, bebé ou melhorar o seu bem-estar”, frisou.
Rui Ladeira sublinhou que o plano de ação hoje apresentado “é dinâmico” e “irá certamente criar novas parcerias, sinergias e também novas oportunidades com vista ao desenvolvimento de uma comunidade mentalmente forte e saudável”.