A divulgação pelo INE da estimativa do défice orçamental registado em 2018, apontando para 0,5% do PIB, mais baixo do que o Governo minoritário do PS havia estimado no Orçamento do Estado para 2018, é apresentado como um êxito da política económica e financeira de Centeno.
Porém, a realidade em que se encontram os serviços públicos, principalmente hospitais, escolas, tribunais, repartições de finanças, serviços da segurança social, mostram um cenário bem menos idílico e mais elucidativo do caminho de cortes, ausência de investimento na manutenção e melhoria dos serviços públicos que possibilitaram este desfecho do défice.
Tomemos como exemplo, o edifício da Segurança Social em Viseu, onde trabalham centenas de funcionários e se faz o atendimento de milhares de utentes.
Desde há meses que sindicatos e trabalhadores vêm denunciando situações de abandono e degradação das instalações e equipamentos e de menosprezo da administração central pelo edificado e pelas condições de trabalho e de funcionalidade dos serviços administrativos.
Como situação insólita e mais flagrante regista-se o facto do elevador principal do “edifício da segurança social” estar avariado há 5 meses entre o 1º, o 10º e o 15º andares sem que os alertas diários dos trabalhadores comovam a administração para a sua reparação, que alega sempre “falta de verbas”.
Os dois pequenos elevadores que restam para o serviço são tão antigos quanto a casa, alternando o seu funcionamento com avarias permanentes o que provoca regularmente longas filas de trabalhadores que querem ter acesso aos seus locais de trabalho, restando-lhes como alternativa ter de subir a pé vários andares.
A falta de aquecimento nas instalações foi constante durante todo o Inverno e até à actualidade. As várias promessas de que o problema ia ser resolvido, a última até 9 de Março, nunca foi cumprida por“falta de verba para o arranjo”. Como consequência, os funcionários, para além do recurso a mantas de aquecimento, tiveram de socorrer-se de aquecedores pessoais o que provocou sobrecarga da instalação eléctrica e consequentes cortes de corrente e energia nos diferentes gabinetes, transtornando o normal funcionamento dos serviços, insatisfação nos funcionários e impedimento de respostas imediatas a muitos pedidos dos utentes.
As casas de banho estão frequentemente avariadas por falta de regular manutenção, tendo os funcionários de ambos os sexos de utilizar a casa de banho que estiver disponível, com todo o desconforto que tal situação representa. No 15º andar a única casa de banho que existe está avariada e inactiva há mais de 2 anos.
Nas instalações destinadas às chefias não há notícia de que estas anomalias se verifiquem.
Para além da degradação forçada e escandalosa dos serviços públicos, de que a situação acima descrita é um pequeno exemplo, esta política de submissão às imposições da União Europeia,compromete irremediavelmente a concretização de Obras estruturantes para a qualidade de vida da população do Distrito de que as mais prementes se prendem com o adiamento sucessivo das obras do Centro Oncológico do CHTV e da remodelação das Urgências do Hospital de S. Teotónio ou o lançamento efectivo das obras de duplicação e requalificação do IP3 e das obras de conclusão do IC12.
É fundamental avançar afirmando os valores de Abril e não andar para trás, para os tempos sombrios de cortes nos salários, pensões, abonos e feriados. O País não está condenado a esta opção.
Direcção da Organização Regional de Viseu do PCP.