Viseu é alvo de mais de 20 teses de mestrado em reabilitação de edifícios, que transformam o centro histórico num laboratório vivo ao dispor dos investigadores. Ao todo, estão envolvidas dez instituições de ensino, com destaque para a Universidade de Coimbra, Politécnico de Viseu e a Universidade de Chieti-Pescara “Gabriele d’Annunzio”, em Itália, esta última com uma vasta experiência em trabalhos de investigação, nas áreas do restauro arquitectónico e reabilitação.
Os trabalhos académicos, a par de outras formas de estudo e inventariação, contribuem para um maior conhecimento da realidade, primeiro passo para a salvaguarda do património local.
Conhecer é o verbo a partir do qual se conjuga toda a acção do projeto “Viseu Património”. Demolir é a palavra mais indesejada deste plano de investigação aplicada, que tem pela frente um longo caminho de “valorização e descoberta”, como disse o seu coordenador, Raimundo Mendes da Silva. Assinalando o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Município de Viseu promoveu, no Museu Nacional Grão Vasco, um balanço público do projeto, cuja primeira fase arrancou há um ano.
“Conhecer os edifícios é indispensável para fazer qualquer acção de reabilitação sustentada e responsável”, sublinhou Raimundo Mendes da Silva.
As várias frentes de trabalho deste projeto permitiram registar dez mil dados, até ao momento. Mas há, também, resultados não mensuráveis tão ou mais importantes, como, por exemplo, o envolvimento e sensibilização da comunidade. Neste sentido, em novembro de 2016, realizou-se o concurso fotográfico “Freeze Viseu”, cujos cinco vencedores, que ganharam como prémio a entrada gratuita na Feira de S. Mateus 2017, foram divulgados na mesma sessão. Esta incluiu a exposição de trinta imagens seleccionadas pela Escola Profissional Mariana Seixas, de um total de 300 fotos previamente escolhidas pelos participantes.
Antes da apresentação dos vencedores (Joana Barros, Patrícia Raposo, Nélia Pereira, Giovanni Azevedo Tomás e Grupo 33), o júri, composto por Fernando Marques, Mara Maravilha, John Gallo e Francisco Toipa, teceu considerações sobre as fotografias eleitas, num debate informal em que todos defenderam a importância de envolver a população e de ter em conta os habitantes (património humano), nas acções de reabilitação do edificado do centro histórico.
Sofia Meneses
(ver mais na edição em papel de 4 de maio de 2017)