A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu que a falta de apoio na Cultura são ataques ao desenvolvimento do interior, considerando que vale mais um euro na Cultura que dois em “pseudo políticas” para o interior.
“Cada vez que se ataca a cultura ou cada vez que se diminuem apoios à cultura é um ataque ao desenvolvimento do interior”, defendeu Mariana Mortágua durante uma visita à Sementeira, uma semana cultural organizada, há 11 anos, pelo BE/Viseu.
A coordenadora do BE considerou que quando estruturas em cidades do interior ficam sem apoios nos concursos da Direção-geral das Artes (DGArtes), elas “acabam por cessar a sua atividade e isso é um ataque ao desenvolvimento do interior”.
“Quando programas como “garantir cultura” permitiram a artistas no interior sobreviver durante a pandemia e ainda não foram pagos, isso é um atasque ao desenvolvimento do interior”.
Neste sentido, defendeu que “cada euro investido em cultura vale mais pelo desenvolvimento no interior do que dois euros nestes programas de benefícios fiscais e de pseudo políticas para atrair pessoas para o interior, como aliás o Governo se tem empenhado em fazer”.
Mariana Mortágua destacou “os vistos gold que foram usados como desculpa” para “conseguir fixar pessoas no interior”, mas, depois, “não há um único negócio no interior que valha um visto gold”.
“Um corrupto condenado conseguiu usar os vistos gold para vir viver para Portugal e ainda contribuir para a especulação imobiliária, quando temos imigrantes que passam aqui uma vida inteira de trabalho e não conseguem ter residência, não conseguem ter nacionalidade”, apontou.
Mariana Mortágua disse que “entre a promessa de acabar com o regime dos vistos gold e a lei para acabar com o regime, que nunca mais sai, foi uma corrida aos vistos gold. Esta semana soubemos que são 7.800 novos pedidos”.
A coordenadora do BE disse que “até cidadãos russos, próximos da elite russa, continuam a usar vistos gold, e nada será feito” e “Portugal acolhe-os, mesmo que venham fazer especulação imobiliária e contribuam para a crise da habitação”.
No seu discurso, na sede do Bloco de Esquerda de Viseu, cujas paredes expõem trabalhos de diversos artistas, Mariana Mortágua deu como exemplo a especulação imobiliária da cidade que teve um “aumento de 50% desde 2018”.
A coordenadora lembrou que, “quando o executivo entrou na Câmara Municipal de Viseu, congratulava-se pelas transações históricas imobiliárias, no centro de Viseu, as transações milionárias, o nome disso é especulação imobiliária”
“Por isso temos hoje uma situação caricata em Viseu. Queremos fixar as pessoas, mas a especulação imobiliária tornou as casas demasiado caras. Viseu é dos distritos e das cidades em que as rendas mais subiram, 17% só no primeiro trimestre de 2023”, reforçou.