O diretor da Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT) disse hoje à agência Lusa que a programação do Festival Internacional de Teatro (FINTA) mantém-se, com exceção do horário dos espetáculos noturnos, devido às medidas impostas pelo Governo.
“Decidimos que vamos manter todos os espetáculos e atividades com a diferença, à semelhança de outras salas no país, que decidimos antecipar para as 19:30 os espetáculos da noite, previstos para as 21:30”, adiantou José Rui Martins.
Tondela é um dos 121 municípios do país abrangidos a partir de hoje pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo “oposição fundamentada” pelo trabalhador, devido à covid-19.
Uma decisão do Governo após um Conselho de Ministros extraordinário no sábado, que também decidiu que, nos 121 municípios os restaurantes têm de fechar até às 22:30, assim como as salas de espetáculos, e todos os estabelecimentos comerciais terão de encerrar, na generalidade, às 22:00.
“Nós queremos cumprir com as regras impostas e com todas as medidas de segurança e associamo-nos ao esforço comum, mas também queremos dar um sinal às pessoas de que podem vir em segurança e regressar a suas casas dentro do horário imposto”, explicou.
Uma vez que a edição deste ano – a 26.ª – do FINTA “já foi apresentada para decorrer em contexto da pandemia, não haverá alterações significativas, somente na limitação das presenças” nos ‘workshops’.
“Pensámos em permitir a presença a seis pessoas e os restantes participantes serão por videoconferência e, agora, tendo em conta as limitações no concelho, reduzimos para um limite de quatro pessoas e tudo o resto se mantém”, esclareceu.
Tendo em conta o caráter internacional do FINTA, que decorre de 11 a 14 de novembro, José Rui Martins esclareceu que, este ano “estão confirmados grupos espanhóis e mantêm a confirmação, até porque não há restrições na circulação da fronteira”.
“A todo o momento estamos em contacto e vamos atualizando as medidas impostas nos dois países e, mantendo-se as regras de segurança em vigor nos dois países, eles marcarão presença, salvo aconteça alguma coisa”, explicou.
Quanto ao público do próprio FINTA, este responsável reconheceu que, “certamente, não haverá o público do Porto, Braga, Coimbra que costuma haver”, por causa das medidas impostas por todo o país.
“Mas ao anteciparmos para as 19:30 estamos a permitir que as pessoas dos concelhos vizinhos possam vir, ir jantar e recolher a casa dentro dos horários estabelecidos e é também um pouco a pensar nessas pessoas que o horário foi alterado”, admitiu.
José Rui Martins defendeu que “a fruição na cultura, dentro das regras, também não pode parar, é tão importante como a economia e faz parte das pessoas e da sua vida, mesmo em confinamento”.
“Qual é o refúgio? É a arte. Vão ouvir música, ler, ver televisão. É uma companhia muito importante, é afetuosa e, muitas vezes, o cidadão não se apercebe que estão ali pessoas, artistas, com eles, porque a criação artística está ali a dar-lhe o afago neste isolamento social que todos temos de compreender”, disse.