A ATENÇÃO DO POLITÉCNICO DE VISEU NO MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA

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A narrativa da atenção, a economia e a ecologia que de si derivam, a disputa feroz pela sua primazia e a relevância a si concedida ao longo dos tempos na construção e modelação da sociedade e no processo criativo, formativo e informativo, juntaram em Lisboa um atento e interessado público. Tendo como cenário o Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), o Instituto Politécnico de Viseu (IPV) apresentou a sua mais recente publicação, o livro “a Atenção”, da autoria de José Manuel dos Santos.

A edição da PV Editora do Politécnico de Viseu integra um texto do autor, escrito para a primeira reunião em Lisboa, em 30 de outubro de 2018, do Ciclo Co-Laborar, Portugal entre Patrimónios, sob o tema A Atenção, organizado pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea.

A sessão de lançamento do livro realizada no dia 23 de maio, muito participada, com sala repleta, contou com a presença da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, do Presidente, vice-presidentes e dirigentes do Politécnico de Viseu, Diretora e colaboradores do MNAC, jornalistas, criativos, autores e público interessado na cativante temática que prendeu a atenção de todos os presentes.

 

A Diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea contextualizou a obra e o seu surgimento no decorrer do projeto “Portugal entre Patrimónios”. Emília Ferreira evocou “o desafio lançado pelo MNAC no âmbito dessa iniciativa a várias entidades de norte a sul do país no intuito de se criar uma rede potenciadora de projetos culturais”. Tendo como pano de fundo as comemorações do Ano Europeu do Património Cultural, celebrado em 2018, “este projeto, que reuniu mais de cinquenta parceiros nacionais, pretendeu constituir-se como profícuo estímulo para uma crítica e criativa vivência cultural por todo o país”. Lançado no MNAC a 30 de outubro de 2018, “ o primeiro encontro deste coletivo teve um mote sugerido pelo nosso convidado José Manuel dos Santos: a Atenção. É esse texto, que tão emotivamente cativou a nossa atenção e tão claramente problematiza a contemporaneidade, que agora partilhamos, nesta edição do Instituto Politécnico de Viseu, parceiro nesta aventura.”

 

A apresentação da obra esteve a cargo de Henrique Monteiro, conhecido jornalista, comentador político e escritor, com raízes no distrito de Viseu. “O autor é, para mim, um dos grandes artesãos da palavra”. Foi desta forma que o também membro do Conselho Editorial da PV Editora iniciou o seu comentário ao autor e à obra. “A atenção é um bem precioso para o emissor e para o recetor. Hoje em dia as estratégias de comunicação centram-se em captar a atenção do leitor/ouvinte”. O sensacionalismo e os títulos fortes marcam a agenda da comunicação social dos nossos dias. Para Henrique Monteiro o livro “escrito de uma forma fantástica” é também “uma reflexão pertinente sobre o tempo e a interpretação do mundo”.

 

José Manuel dos Santos começou a sua comunicação por agradecer “a gentileza do IPV na publicação deste livro e ao MNAC pelo acolhimento desta sessão”. Para o autor “chamar a atenção das pessoas já faz parte do processo criativo e comunicativo. Tudo se faz pela conquista da atenção. Tudo parece feito para captar a nossa atenção e para nos distrair do nosso ‘objeto de atenção’. Publicitários, media e redes sociais disputam-na e arrebatam-na”. Na sua obra, José Manuel dos Santos enfatiza a valorização que concedemos às coisas, fruto da nossa educação, percurso de vida e meio “damos atenção aquilo que aprendemos a valorizar e valorizamos aquilo a que aprendemos a dar atenção”. A economia e a ecologia da atenção concentram a reflexão atenta do autor. Aos fatores de produção ou recursos clássicos em economia “a atenção aparece atualmente como um novo fator de produção e criação de valor. A economia da atenção está sobretudo no cruzamento dos caminhos que traçarão o nosso futuro”. Concluiu a sua intervenção sintetizando o seu pensamento: “perante a economia da atenção deve responder uma ecologia da atenção”.

Na parte final do livro, José Manuel dos Santos elucida o que é a atenção: “uma atenção que procura, que espera, que acredita, que se suspende, que se surpreende. Nesse momento, temos consciência de que somos, no grande jogo do mundo, como no quadro de Cézanne, um dos atentos jogadores. Só não sabemos se somos o que ganha ou o que perde”.

 

PV Editora

O livro “a Atenção” é a segunda publicação da editora do Politécnico de Viseu, apresentada publicamente no dia 7 de novembro de 2018, data de lançamento da sua primeira edição, “Governo e Administração: parentesco relutante, afinidade forçada”, da autoria do professor António Correia de Campos.

Na altura, o presidente do IPV relevou o projeto que a instituição abraçou enquanto agente promotor da leitura, enfatizando a importância da literatura, da partilha do conhecimento e valorização dos escritores da região como alicerces da edificação da PV Editora, sintetizando o momento com uma citação: “a literatura existe porque a vida não é suficiente”.

 

O Autor

Escritor, curador, programador e gestor cultural, o autor, José Manuel dos Santos, é igualmente administrador e diretor cultural da Fundação EDP, diretor da revista Electra, administrador da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva e diretor da Trienal de Arquitetura de Lisboa. É membro da Comissão Coordenadora do Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen, coordenador editorial das “Obras de Mário Soares”, na Imprensa Nacional, e membro efetivo da Academia Nacional de Belas Artes e do PEN Clube português.