UA e São Pedro do Sul formalizam candidatura do Canto a Vozes a Património Imaterial

A candidatura Canto a Vozes de Mulheres à Lista Nacional de Património
Cultural Imaterial, possível pela parceria entre a Universidade de Aveiro (UA) e a
Câmara Municipal de São Pedro do Sul, vai ser formalizada a 11 de setembro, às
14h30, no auditório Jaime Gralheiro naquele município do distrito de Viseu.
Neste evento vão fazer-se ouvir 15 grupos de cantadeiras detentoras deste
património.
“Canto a vozes de mulheres” é a designação criada numa sessão plenária no dia 1 de
março de 2020 por cerca de 360 cantadeiras para salvaguardar e transmitir às
gerações seguintes uma expressão vocal coletiva, com três ou mais vozes polifónicas
sem acompanhamento instrumental, mantida viva por mulheres, por vezes com o
apoio de homens nas vozes mais graves. Nas comunidades onde se faz cantar e
ouvir, o canto a vozes de mulheres tem designações distintas, sendo conhecido como
cantada, cantaraço, cantaréu, cantarola, cantarolo, cantedo, cantiga, cantiga em lote,
cantoria, cramol, moda, modas de campo, ou terno.
Em colaboração com as cantadeiras e no âmbito de um protocolo com o município de
São Pedro do Sul e do projeto EcoMusic, investigadores da UA procederam entre
2016 e 2021 à documentação, estudo e elaboração do dossier que será submetido no
dia 11 na Matriz PCI, na prática, a formalização do pedido de inscrição do Canto a
Vozes de Mulheres na Lista Nacional do Património Cultural Imaterial. Posteriormente,
será feita uma avaliação do dossier quanto à possibilidade de inscrição na Lista
Nacional.
Participaram neste projeto os investigadores: António Ventura, Daniela Labandeiro,
Domingos Morais, Helena Marinho, Jorge Castro Ribeiro, Jorge Graça, Joaquim
Branco, João Valentim, Julieta Silva, Lea Managil, Maria do Rosário Pestana, Raquel
Melo e Rui Madeira.
Em colaboração com as cantadeiras, a equipa de investigação elaborou o dossier,
criou um sítio em linha https://anossamusica.web.ua.pt/cantoavozes/ e elaborou dois
documentários que dão a conhecer as especificidades deste repertório e a atividade
dos grupos: o primeiro, centrado no município de São Pedro do Sul (Cantos, Cantedos

e Cantarolas https://vimeo.com/304781456 ) e o segundo, dando visibilidade a
cantadeiras do centro e norte de Portugal (Poéticas do canto polifónico
https://vimeo.com/366125837 ). No século XXI, são pouco mais de trinta os grupos de
mulheres que detêm este saber cantar específico. Fazem-no em momentos de partilha
de conhecimento e de divertimento coletivo, em convívios privados, ou públicos, como
as festas da aldeia, em eventos de celebração da ruralidade ou turísticos.
Desocultar o papel das mulheres na produção cultural
“No século XXI, o canto a vozes de mulheres vincula as cantadeiras e os cantadores
na salvaguarda do saber fazer tradicional, na coesão das comunidades em que se
inserem e na desocultação do papel das mulheres nos processos e práticas culturais,
nomeadamente ao atualizar o conhecimento e memória coletivos no espaço público
das suas comunidades. Nestes contextos, é um identificador da cultura local e um
importante agregador social, capaz de religar conterrâneos e familiares dispersos em
diferentes geografias por sucessivos fluxos de migração”, segundo consta do texto
justificativo, no dossier. “O ‘canto a vozes’ permite às mulheres serem interlocutoras
na atividade cultural local. Essa interlocução faz-se pela ocupação dos espaços
públicos, pelos atos em que são mestras, pela oportunidade de assumirem papéis de
liderança dentro dos grupos e das comunidades onde residem e pela oportunidade de
se expressarem como um coletivo – as mulheres”, explica-se ainda.
“Por um lado, esta formalização é um pedido de plena justiça para com as mulheres
porque irá desocultar o seu papel na produção cultural local e dar a conhecer histórias
de mulheres, pela voz das mulheres”, afirma Maria do Rosário Pestana, professora do
Departamento de Comunicação e Arte da UA e coordenadora do estudo que levou à
construção do dossier de candidatura. Por outro, acrescenta, “é uma oportunidade que
pode levar à salvaguarda de uma forma de canto muito ameaçada, dado que, das
pouco mais de 360 cantadeiras identificadas no estudo, apenas um décimo desse
número detém as competências para cantar a terceira, quarta e quinta vozes. Estas
competências são diferenciadoras do canto a vozes de mulheres. É urgente o
reconhecimento deste canto, deste património imaterial, para salvaguardar a sua
transmissão a gerações mais novas, até porque é uma prática extremamente
complexa que requere muito tempo de aprendizagem!”.

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