Nuno Peixinho e Rosa Doran, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC), acabam de ser nomeados coordenadores
nacionais do ensino da astronomia (National Astronomy Education Coordinator,
NAE) da União Astronómica Internacional (International Astronomical Union, IAU),
sociedade científica que visa promover a astronomia em todas as suas vertentes
através da colaboração internacional.
Em concreto, os investigadores do Centro de Investigação da Terra e do Espaço da
FCTUC (CITEUC) são os representantes nacionais que vão interagir com o
Gabinete de Astronomia para o Ensino (Office of Astronomy for Education, OAE),
sediado em Heidelberg, Alemanha. A União Astronómica Internacional, que reúne
milhares de astrónomos de mais de 100 países, criou este gabinete em novembro
de 2019, com o objetivo de apoiar a comunidade de astrónomos e de
professores/educadores de astronomia a levar o fascínio da astronomia para as
escolas, devendo estabelecer uma rede mundial de Coordenadores Nacionais de
Ensino da Astronomia (NAECs), para promover a astronomia nos currículos
nacionais, bem como fomentar a criação de materiais educativos e a formação de
professores.
Os coordenadores nacionais do ensino da astronomia têm como missão «ajudar o
OAE a documentar e a analisar como é usada a astronomia no ensino em
Portugal, identificar as ações relevantes relativas ao ensino da astronomia e
ao uso da astronomia para o ensino já existente, bem como envidar esforços
na organização da formação profissional dos professores e educadores que
usam astronomia, e colaborar no desenvolvimento e/ou desenvolver materiais
educativos de qualidade e acessíveis, adaptado às necessidades específicas
do nosso país e dos diferentes níveis escolares», relata o astrónomo Nuno
Peixinho.
Esta nomeação, além de representar um «importante reconhecimento do nosso
trabalho, é uma oportunidade ímpar de contribuir de forma determinante para
o ensino da astronomia, em particular, e para um maior e mais eficaz uso da
astronomia no ensino, em geral, em Portugal. A astronomia é, provavelmente,
a ciência que mais unanimemente a todos fascina. Paradoxalmente, tem vindo
a ser cada vez mais eliminada dos currículos escolares sendo extremamente
subaproveitada para o ensino das outras matérias», afirmam os investigadores
Nuno Peixinho e Rosa Doran.
«Há que inverter esta tendência. Não apenas porque quase tudo o que existe
foi fabricado nas estrelas, mas porque devemos conhecer o Mundo e o
Universo que nos rodeiam, conhecer o nosso entendimento sobre a origem e
transformação de todas as coisas, incluindo nós próprios, e questionarmo-nos
sobre tudo isso», acentua Nuno Peixinho.
Para o também coordenador da Unidade de Promoção da Ciência do Observatório
Geofísico e Astronómico da UC, a astronomia «interliga-se direta ou
indiretamente com praticamente tudo o que nos rodeia e há que aproveitar
esta mesma astronomia como fascinante e infinito veículo de ensino da
matemática, das ciências exatas, das ciências naturais, das tecnologias… sem
esquecer mesmo a filosofia. Melhor vive e melhor transforma quem mais
conhece, e o que a astronomia tem para dar a conhecer é infinito».