Gente da Minha Terra – Episódio 3 João de Barros

Não estará este nome perdido no deserto-olvido da memória viseense. Afinal, dá nome a uma escola da cidade, batizada pelo povo como “Escola Amarela”. Como costumo dizer, até os nomes próprios são definições, algo que escapará à maioria dos nossos conterrâneos, não sendo estes os réus maiores deste delito. Conhecer um nome não é o mesmo que sabe-lo. João de Barros, ilustre viseense e português, é credor de reconhecimento condizente com a sua obra. Rasgue-se digno caminho a um pastor das palavras lusas, cuja história cheira a especiarias.

João de Barros nasceu em Viseu no ano de 1496, filho bastardo do nobre Lopo de Barros e formado na gloriosa corte de D. Manuel I, na Primavera heroica dos descobrimentos. Iniciou a sua diáspora lírica na idade dos 20, ao escrever um romance de Cavalaria, a Crónica do Emperador Clarimundo, que dedicou ao príncipe herdeiro D. João, futuro D. João III.

Foi este mesmo rei que atribuiu a João de Barros o importante cargo da fortaleza de São Jorge da Mina. Mais tarde, foi-lhe concedido o cargo de tesoureiro da Casa da Índia, na qual esteve envolvido até 1528. Regressou a Lisboa em 1532, incumbido de um importantíssimo encargo: o de feitor das casas da Índia e da Mina, quando a capital portuguesa radicava no eixo comercial de todo o mundo. Encheu-se de prestígio e renunciou à riqueza. Casou com Maria de Almeida, 3ºsenhora da Quinta de São Loureiro, em Santiago de Litém, com quem teve cinco filhos e três filhas.

Mais tarde, ano de 1534, o rei D. João III dividiu a colónia em capitanias hereditárias, com o desígnio de atrair colonos para o Brasil e valorizar os seus recursos, algo já aplicado em outras colónias. João de Barros recebeu a posse de duas capitanias, juntamente com Aires da Cunha: Rio Grande do Norte e Maranhão. Todavia, a embarcação que levava o viseense não chegou ao porto desejado, acabando nas Antilhas espanholas. No seu modelar comportamento, pagou as dívidas de todos os falecidos na expedição, humanismo que viria a amargar parte da sua vida.

João de Barros, para além da empatia pelas letras, preocupava-se com a formação moral dos jovens, que deviam ser edificados na pedagogia cristã. A esse respeito, escreveu textos como “Aprender a Ler”, “Diálogo em louvar da nossa linguagem”, “Diálogo da viciosa vergonha”, “Diálogo de preceitos morais com práticas deles em modo de jogo e grmática” e “A Cartinha.” Foi neste período que redigiu uma das obras mais influentes no que concerne à nortamatização da língua portuguesa: “A Grammatica da Língua Portuguesa”, tomada como obra pioneira na escrita didática/ilustrada. Para completar este esplêndido ramalhete, incluímos a obra “Décadas”, escrito épico que engrandecia só descobrimentos portugueses.

O seu trabalho foi reconhecido na atribuição de uma fidalguia e de uma tença régia por parte do rei D. Sebastião. Faleceu em Pombal a 20 de Outubro de 1570.

Francisco da Paixão

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