Câmara de Viseu vai rever regulamento do apoio financeiro a clubes desportivos

O presidente da Câmara de Viseu disse que o regulamento dos apoios municipais aos clubes desportivos, na área da formação, será revisto para “acabar com diferenças” e obrigar à prestação de contas das coletividades.

“Nós queremos comprovar o número de utentes e acertar alguns critérios, porque há critérios em que não estamos de acordo” assumiu Fernando Ruas, em declarações aos jornalistas, no final da reunião do executivo municipal de Viseu.

Fernando Ruas destacou que “a Câmara não é responsável, mas tem obrigação de ajudar na formação desportiva dos jovens, tem essa incumbência, mas a formação não pode ser escolhida em função da modalidade”.

“Não tenho de dizer a um jovem que a Câmara o apoia se for jogar futebol, mas apoia menos se for jogar outra coisa. Parto do princípio de que os princípios da formação desportiva estão em todas as modalidades”, defendeu.

No seu entender, não se pode “impor uma modalidade em função de outra” e, por isso, os critérios do regulamento “vão ser revistos” para que a autarquia possa “pagar exatamente a mesma coisa por um jovem que jogue xadrez ou um que jogue futebol”.

A formação maior ou menor dos treinadores também é um critério que “tem de ser revisto”, assim como o apoio “em mais 50% só porque tem meninas” a praticar desporto, o que é “desprestigiante”, sustentou.

 “Não é isso que as mulheres querem. É o número de participantes que tem de definir o apoio, isso é que é digno para as mulheres”, advogou o autarca.

Outra preocupação em relação ao atual regulamento, o autarca destacou a falta de apresentação das contas dos clubes, tendo em conta os apoios que recebem e os valores que os pais dos praticantes pagam.

“Pode haver dados que nos tirem estas dúvidas, mas em quase todos, os pais pagam mensalidade, equipamento, levam os filhos aos treinos, aos jogos e campeonatos e ainda vão tomar banho em casa. Ou seja, os pais é que assumem tudo”, apontou.

Neste sentido, lembrou que “as instalações dos clubes são da câmara ou a câmara ajudou a fazer” e considerou que “é legítimo perguntar se este esforço [dos pais] não pode ser aliviado”, questionando “onde é que é gasto este dinheiro”.

“Não estou a pensar em ninguém em concreto, mas um clube que tenha 200 atletas e que cada pai pague 35 euros, como ao que parece quase todos pagam, são sete mil euros por mês. Temos de perceber em que é que é aplicado o dinheiro”, exemplificou.

Isto, porque, se “os campos são da Câmara, a água é a Câmara que paga, ou estão isentos, a luz é a Câmara que paga, onde é que [os clubes] gastam o dinheiro” que os pais pagam, questionou.

“Tenho de acautelar os dinheiros que são municipais e também tenho de acabar com uma coisa que parece que fez doutrina, mas que tem de acabar, ou seja, eu arranjo um clube, mas a Câmara tem de o suportar. Não”, afirmou.

Para o autarca, “o clube é composto por sócios” e a Câmara “não tem qualquer influência”, nem nos sócios, nem nas escolhas dos treinadores ou nas assembleias gerais das coletividades.

“Então porque é que há de ser a Câmara a suportar todas as despesas de um clube?”, reforçou.

Fernando Ruas disse que o novo regulamento “já vai ter efeitos na próxima época, 2023/24”, e que “só serão concedidos apoios mediante apresentação do número de atletas e formação, a idade, o plano de atividades e as contas – é o mínimo”, sublinhou.

Sobre os montantes que a Câmara disponibilizou na última época, Fernando Ruas assumiu que não os sabia de cor, mas, adiantou, “a Câmara gasta uma pipa de massa com os clubes, a todos os níveis”.

“Não é só na formação, é em tudo, apoios e isenções. São milhares e milhares largos de euros, uns milhares muito grandes, que a Câmara dá todos os anos. Parto do princípio de que são bem aplicados, mas temos de saber, nós também prestamos contas”, reforçou.

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