O presidente da Câmara de Viseu disse hoje à agência Lusa que saiu desolado de uma reunião com o ministro das Infraestruturas, já que este terá anunciado como próxima obra para o IP3 o troço que menos necessita de intervenção.
“O ministro [João Galamba] disse que a grande obra que vão fazer agora no IP3 é a que menos falta faz, que é entre Viseu e Treixedo. E nós queremos obra onde, de facto, ela é mais fundamental”, afirmou Fernando Ruas.
À agência Lusa, a propósito de uma reunião que realizou com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o autarca disse que saiu desolado do encontro, porque o Governo vai “fazer uma grande festa para anunciar uma obra que não é prioritária”.
“Anunciar a requalificação num troço que, sendo necessário, é o que causa menos problema, isso é chamar-nos a nós, viseenses e utilizadores do IP3, de menos espertos”, acusou o autarca social-democrata.
Para Fernando Ruas, “de Treixedo até Viseu anda-se mais ou menos à vontade, porque a subir há duas vias e a descer há uma e o terreno é mais ou menos plano”.
E “é precisamente aí que escolhem fazer a requalificação”.
“Ao lançar esta nova obra, é para dizer que o IP3 está a andar. Não nos enganem, que não somos tolos. Eu disse ao senhor ministro que se era para isto, mais-valia terem” fechado o acordo com os professores.
Isto porque, “se disseram aos professores que não tinham dinheiro, que o dinheiro era para fazer o IP3, mais valia” terem aceitado as exigências daqueles profissionais.
“Sempre lhes resolviam os problemas, porque os [problemas] do IP3 vão continuar”.
“Ainda lhe pedi para guardar o dinheiro para fazerem projetos onde ele realmente faz falta que, no IP3, é entre o nó de Santa Comba Dão e Penacova, que é onde há duas/uma via ou uma/uma de cada lado”, acrescentou.
O presidente da Câmara de Viseu contou ainda à agência Lusa que questionou o ministro sobre as obras no IC31, que vai ligar Castelo Branco à fronteira espanhola, tendo em conta “a orografia bastante pior do que a do IP3”.
“O ministro ia-me dizendo se eu não queria esta estrada. Claro que quero, mas quero que a prioridade seja onde ela faz mais falta que, neste caso, é na zona da Livraria do Mondego”, em Penacova, sublinhou.
Sobre este troço, o ministro disse ao autarca “que depois desta ser lançada é que vão pensar então na outra”, na zona da Livraria do Mondego, distrito de Coimbra, e isso “deverá ser numa altura próxima de eleições”.
“Mas o pior é que este anúncio entre Viseu e Treixedo, este aperfeiçoar de estrada, nem sequer contempla o problema do nó da variante em Santa Comba Dão”.
Neste sentido, Ruas disse ao ministro que nesta requalificação “não está prevista a zona onde há uns anos um autocarro caiu, por causa do traçado da estrada, e onde morreram 14 passageiros”.
“E nem esse resolvem? Resolvam então esse, porque é a zona onde realmente o IP3 representa perigo para quem anda entre Viseu e Coimbra e deixem a que querem fazer agora para o fim. Ou façam em simultâneo”, desafiou Fernando Ruas.