A reabertura do Bussaco está prevista para 03 de maio, mas depende da autorização do secretário de Estado das Florestas, após parecer da Câmara da Mealhada, revelou hoje o presidente da Fundação Mata do Bussaco.
António Gravato disse à agência Lusa que a reabertura “só ocorrerá se estiverem reunidas todas as condições de segurança” para os visitantes.
“A decisão de reabrir a Mata será tomada pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino, depois de parecer positivo dos serviços de proteção civil da Câmara da Mealhada, em articulação com a Fundação”, explica Gravato.
João Paulo Catarino visitou aquela Mata Nacional na quarta-feira, para conhecer o projeto conjunto que a Fundação e a empresa The Navigator Company estão a levar a cabo, no âmbito do acordo que estabeleceram para a valorização do espaço, o chamado “Compromisso do Bussaco”.
Assinado em junho de 2018 pela Fundação e pelos municípios de Mealhada, Mortágua e Penacova, com o apoio do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o compromisso passa, entre outras medidas, pelo corte das espécies invasoras “e pela recuperação enquanto área florestal de proteção, enquadrada numa paisagem mais vasta de florestas produtivas de pinheiros e eucaliptos”.
As acácias cortadas e outra vegetação são depois queimadas na Central de Biomassa que a Navigator mantém um funcionamento em Cacia (Aveiro), que fornece energia elétrica à rede pública.
“Este compromisso plasma, de uma forma descomprometida, mas com toda a cumplicidade, um conjunto de intenções e de iniciativas tendo em vista contribuir de uma forma pragmática para a valorização de todo o potencial endógeno dos territórios abrangidos pela Mata Nacional do Bussaco e pela Serra”, refere António Gravato.
O líder da Fundação que gere os 105 hectares de mata garante que colaboração da The Navigator tem sido “fulcral e determinante” para desenvolver diversas iniciativas desde 2018, nomeadamente ações de voluntariado, de limpeza e plantações até ações de combate às invasoras.
A Navigator Company é, ainda, o principal apoio financeiro do Catrapim – Festival de Artes para crianças, que levou em 2019 trinta mil pessoas num fim de semana ao Bussaco.
“É um exemplo claro de que as entidades públicas e privadas, desde que haja vontade, conseguem conciliar interesses distintos e propósitos diferentes, num objetivo comum”, diz Gravato, que destaca ainda “a invulgar cultura de intermunicipalidade existente entre a Mealhada, Penacova e Mortágua, complementada pelo ICNF e pela Fundação Mata do Bussaco”.
A Mata do Bussaco foi encerrada ao público em 20 de março, após um curto período em que funcionou apenas com “serviços mínimos” por causa da pandemia da covid-19.
Só em 2019, mais de 250 mil pessoas visitaram a mata, apesar dos estragos provocados pelo mau tempo. Com 105 hectares, a Mata Nacional do Bussaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII, encontrando-se delimitada pelos muros erguidos pela ordem para limitar o acesso.
Para além da mata centenária, o conjunto patrimonial do Bussaco, que foi declarado monumento nacional em 2017, apresenta um núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco (instalado desde 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal) e pelo Convento de Santa Cruz, a que se juntam as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via-Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Buçaco.