BE quer que planos para modernização ferroviária na linha do Douro saiam da gaveta

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A deputada do Bloco de Esquerda (BE), Isabel Pires, exigiu ontem, numa viagem de comboio entre a Régua e o Pocinho, que os planos para a modernização da linha do Douro saiam “da gaveta de uma vez por todas”.

“Os planos para esta linha já existem há muito tempo e é bom que saiam da gaveta de uma vez por todas, para que se possa finalizar a eletrificação da linha, se possa renovar a frota e ter horários condizentes com o turismo e com a população, que precisa de utilizar este comboio”, defendeu.

A coordenadora do grupo parlamentar do BE da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, Isabel Pires, juntamente com uma delegação conjunta das Comissões Coordenadoras Distritais de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu do partido, percorreram hoje, de ida e volta, a ligação entre a estação do Peso da Régua, no distrito de Vila Real, e o Pocinho, no distrito da Guarda.

Isabel Pires lembrou que esta reivindicação é um “projeto bastante antigo do BE” sobre o plano nacional ferroviário, realçando que “deve existir uma rede nacional que ligue todo o país”.

“Temos problemas óbvios e o interior é exemplificativo disso, pois grande parte das capitais de distrito não têm qualquer ligação ferroviária”, aponta.

Durante a viagem, a deputada do BE identificou “vários problemas” como “carruagens muito antigas, uma linha a precisar de requalificação e que já deveria ter sido eletrificada e ainda não foi”.

“Temos uma aposta no turismo nesta linha específica que tem deixado as populações que necessitam de fazer esta viagem com muitas poucas condições para o fazer. No inverno existem problemas de carruagens extremamente frias e no verão extremamente quentes”, sublinhou, referindo-se ainda à “falta de condições para os próprios trabalhadores”.

Isabel Pires acrescentou também que com o regresso do trabalho parlamentar será objetivo do BE “voltar a alertar para estas situações” e ainda “propor medidas concretas, nomeadamente para o interior e para esta linha especifica”.

A ligação ferroviária entre Portugal e Espanha é ainda outra das “preocupações” considerada “absolutamente essencial para o interior” do ponto de vista económico.

Para o dirigente da Comissão Coordenadora do BE de Vila Real, Carlos Gomes, também presente na iniciativa, a “reabertura da Linha do Douro até Barca de Alva [no distrito da Guarda] que permitirá fazer a ligação a Salamanca [Espanha] é urgente”.

“Permitirá aumentar a acessibilidade. Por exemplo, Vila Real é uma capital de distrito que já teve três meios de acesso e agora apenas tem o rodoviário, após ter perdido o ferroviário e avião”, destacou.

Carlos Gomes frisou que “há estudos que apontam ser a ligação mais económica ao país vizinho”.

O dirigente do BE de Vila Real citou uma frase presente na estação de comboios do Peso da Régua, ‘o caminho de ferro foi uma revolução, todas fossem assim…’ defendendo que o partido pretende “uma nova revolução no caminho de ferro”.

A linha do Douro liga atualmente Ermesinde, no distrito do Porto, ao Pocinho, numa extensão de cerca de 160 quilómetros que segue principalmente o rio Douro.

A antiga linha que fazia a ligação entre as estações do Pocinho e Barca d’ Alva, e consequentemente a Espanha, insere-se num traçado de cerca de 30 quilómetros por entre túneis e pontes que está ao “abandono”.

O troço de linha que liga a Estação do Pocinho a Barca de Alva foi construído em 1887, foi uma das grandes obras de engenharia ferroviária da Península Ibérica e funcionou quase um século, tendo encerrado em 1985.