É inaugurada hoje, 11 de março, uma exposição de trabalhos de Jorge Braga da Costa, artista plástico nascido em Segões, Moimenta da Beira, em 2 de Dezembro de 1944. A mostra, que estará patente ao público no átrio dos Paços do Concelho até 30 de abril, é um gesto de homenagem que a Câmara Municipal lhe confere. “Um tributo inteiramente justo pelo imenso legado artístico que nos deixou”, sustenta o Presidente da Autarquia, José Eduardo Ferreira.
Braga da Costa é moimentense pelo lado materno. Foi aliás a mãe, Atília Dias Braga, que o influenciou para o mundo das artes, um mundo onde ela já estava depois de ter sido aluna do pintor galego, nascido em Orense, Luís Varela Aldemira, que foi Presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes. Essa inspiração do berço fez com que muito cedo Jorge Braga da Costa iniciasse estudos da pintura.
Expõe pela primeira vez com 15 anos, no 5º Salão de Educação Estética de Lamego, onde recebe nas modalidades de desenho, aguarela e óleo, menções honrosas. Nessa altura Jorge Braga da Costa estudava no Liceu Nacional de Lamego. Em 1963 matricula-se na então recém-criada Escola Técnica da Régua, mas aos 18 anos alista-se no exército e vai para Angola onde passou sete anos. No regresso a Portugal, o apelo da aventura e dos grandes espaços leva-o a partir de novo. Volta a Angola, mas agora como civil, e viaja por todo o interior onde retém paisagens, aspetos etnográficos, rostos e tradições que o irão marcar para sempre. Essa experiência levou-o mesmo a iniciar um trabalho sistematizado de recolha e estudo da arte africana. Dedica-se igualmente ao desenho etnográfico através da fixação de hábitos e costumes do povo Guanguela, naquelas terras do fim do mundo.
Regressa de Angola em 1975 e fixa-se na cidade de Viseu (é funcionário público). É aqui que vai trabalhando proficuamente o “desenho à pena” e começa a expor a partir de 1976, dividindo-se entre a pintura e o desenho. Uma boa parte do património monumental e arquitetónico de algumas regiões do país é registo de marca na sua vasta obra artística. Realce para os seus trabalhos “à pena” sobre o espaço físico e histórico das Terras do Demo, constituído pelos concelhos de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva.
Foi por causa desse seu labor artístico em prol das Terras do Demo que foi entronizado, em 2007, na Ordem Literária de Aquilino Ribeiro, com o Grau de “Cavaleiro-Fidalgo”. Nesse mesmo ano construiu a capa da Revista “Letras Aquilinianas” e, no ano seguinte, outra capa, mas do livro “Reflexões sobre Reiner Marie Rilke”. Em 2009 viu os CTT editarem uma marca postal com o rosto de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal.
De Moimenta da Beira, que visitou amiúde, ‘pintou’ a Casa das Guedes, Convento das Freiras, Fonte da Pipa, Casa do Carrasco ou da Moimenta, Solar de Sarzedo, Convento de S. Francisco, pelourinhos de Vila da Rua e Leomil, Casa-Museu Aquilino Ribeiro, entre outros. Jorge Braga da Costa faleceu em Viseu a 11 de Fevereiro de 2015.
*caricatura do rosto: créditos a Fernando Santos Costa