A poesia contribui para a diversidade criativa, usando as palavras e os nossos modos de perceção e de compreensão do mundo, celebra a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação.
Celebra-se a 21 de março o Dia Mundial da Poesia – criado na 30ª Conferência Geral da UNESCO a 16 de novembro de 1999. A data visa fazer uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa.
Portugal é conhecido, também, como um país de poetas cuja obra literária é mundialmente conhecida. Luís de Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, José Régio, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Cesário Verde, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner Andersen, são alguns dos poetas portugueses mais conhecidos. No entanto a poesia é um dos géneros literários que menos leitores tem em Portugal!
Um estudo, realizado em Inglaterra, concluiu que a poesia pode ser mais eficaz que muitos dos livros de autoajuda “já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva”.
A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais. No poema há uma presença verbal que lhe é dada pelo ritmo, pela sua constituição fonética, pela sua capacidade de expressão. Todos estes elementos encontram o seu instável equilíbrio ao tornarem-se num suporte de expansão imaginativa, num desenvolvimento associativo, numa maior ou menor disponibilidade dos sentidos. A escrita e a leitura são afinal um trabalho de sentido. O poema é a realidade virtual a partir de qual se constitui muito do sentido da vida. A poesia assume um papel que é o da descoberta , da experiência. Na relação que se estabelece entre autor e leitor ambos partilham um trabalho criativo. A poesia leva-nos ao encontro da sensibilidade, da fantasia, da imaginação … da vida.
A leitura desempenha no desenvolver e enriquecer da personalidade aquisição de conhecimentos, desenvolvimento de espírito critico e abertura às muitas perspectivas por que se pode representar o real. Portugal tem um valioso espólio poético que deve fazer parte dos programas curriculares, e dos seus tempos livres, incentivando as crianças e jovens a ler e a aventurarem-se na escrita. A poesia tem lá de tudo. A poesia é tudo aquilo que comove, que sensibiliza e desperta sentimentos.
O “eu” somos todos nós – quase, sempre.
Vítor Santos
(Técnico Superior do Politécnico de Viseu)
Segredo
ouvidos e boca
prontos a saltar…
na verdade.
Ar renovado e retemperador
Libertador
Desembrulhador das asas entorpecidas
das palavras acorrentadas
que poluem a mente;
Enche-nos
Habita-nos
Esvai-nos
Deliciosa sensação de
… um segredo nosso!
Só nosso – «O nosso!»
Ao segredo
à nossa cumplicidade
ao reservado
se tanto que partilhamos;
Guardamos
não trocando por nada
o nosso segredo
quase maior que o mundo
na hora certa
no nosso tempo
no nosso longo caminho.