O Jardim Sensorial de Santo António, inaugurado há cerca de oito anos, tem sido alvo de vandalismo e grande parte das suas estruturas já foram arrancadas ou destruídas. O estado de degradação é chocante, sobretudo, porque o local foi criado com o propósito de contribuir para uma sociedade inclusiva e, portanto, mais civilizada e fraterna. Concebido de forma a permitir o acesso e o desfrute de todos os cidadãos, incluindo os cegos e pessoas com dificuldades de visão, o jardim, em frente à Escola Secundária Emídio Navarro, foi dotado de uma série de soluções simples e práticas: corredor com piso táctil, placas e corrimãos com informações em Braille, letras em relevo e espécies vegetais escolhidas criteriosamente para uma experiência sensorial o mais completa possível. Flores coloridas, como amores-perfeitos, plantas tácteis e plantas aromáticas foram colocadas separadamente, nos quatro canteiros em torno do lago, sem esquecer a respetiva informação.
Em suma, um pequeno jardim, do qual deveria florescer um grande exemplo. Porém, não demorou muito tempo até que este mini oásis de civilidade fosse vandalizado. Hoje, o que poderia constituir um local de orgulho para os viseenses, transformou-se num motivo de vergonha. Grande parte dos corrimãos desapareceu e resta apenas, num deles, uma placa informativa em Braille.
As plantas vão sendo renovadas e cuidadas pelo jardineiro encarregado de zelar pelo espaço, mas até este já foi alvo de ameaças. O funcionário, considerado por quem o conhece como pessoa “diplomática e de bom feitio”, esforça-se em vão por travar a insensibilidade e o desrespeito de alguns por um património que é de todos. Com a agravante de desrespeitarem, também, as pessoas com deficiência visual.
Sofia Meneses
(ler mais na edição em papel de 8 de dezembro)