Mercado municipal de Viseu vai ser deslocalizado para estrutura em parque de estacionamento

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Os lojistas e produtores locais do mercado municipal de Viseu vão ficar durante alguns anos provisoriamente instalados numa estrutura que será criada num parque de estacionamento, anunciou hoje a autarquia.

O novo Mercado de Produtores, cujo concurso público será lançado na quinta-feira, representa um investimento de 750 mil euros.

“Vamos dar todo o gás a este processo para que, muito brevemente, lojistas e produtores tenham condições de conforto e de segurança”, numa estrutura que “tenha tudo o que é necessário quer para a atividade, quer para chamar mais pessoas”, disse a presidente da Câmara de Viseu, Conceição Azevedo, durante a apresentação do projeto.

No seu entender, este projeto “vem na altura certa”, num período em que “a economia está fortemente debilitada” devido à covid-19.

O vice-presidente da autarquia, João Paulo Gouveia, explicou que o novo Mercado dos Lavradores ocupará cerca de 1.300 metros quadrados (mais de metade) do parque de estacionamento situado atrás do edifício da Segurança Social.

“Teremos 24 pontos de venda para acolher os lojistas e 80 pontos de venda destinados aos nossos produtores diretos, no sentido de todos poderem ter o conforto necessário”, avançou.

Segundo João Paulo Gouveia, a nova estrutura terá “bons acessos, quer pedonais, quer para automóveis”, zonas técnicas, de arrumos e de frio, e criará uma nova dinâmica, com “todos no mesmo piso” e com as mesmas condições, ao contrário do que acontece atualmente.

O autarca adiantou que está ser preparado “um novo pulmão na cidade, em que todo o centro histórico ficará beneficiado”, devendo o mercado municipal ser “deslocalizado daqui por quatro ou cinco meses, que é o tempo que a obra vai demorar”.

“Após a deslocalização dos senhores e do mercado para esta nova estrutura, vamos requalificar tudo o que fica no mercado atual, ou seja, não mais vai ser o mesmo”, afirmou, acrescentando que, dessa forma, haverá “uma reconversão urbanística no centro da cidade, beneficiando todo o centro histórico e também a Avenida Alberto Sampaio e todas as avenidas adjacentes”.

O vice-presidente disse que o mercado municipal atual “não foi bem concebido” e, apesar de todas as tentativas do executivo nos últimos anos, não foi possível resolver os problemas apontados pelos lojistas e pelos produtores.

“Nós fizemos tudo para que este mercado atual funcionasse. Fizemos campanhas, remodelações, um conjunto de situações que resultaram em parte, mas não são suficientes”, lamentou.

Nesse âmbito, foi decidido deslocalizá-lo provisoriamente. Como algumas das estruturas do Mercado dos Lavradores são amovíveis, quando for desativado “daqui por quatro, cinco, seis anos”, elas “poderão ser aplicadas noutros sítios”, como escolas, acrescentou.

O porta-voz dos produtores diretos do mercado municipal, Júlio Lopes, mostrou-se agradado com o projeto, frisando que as 16 reivindicações que tinham sido feitas à autarquia foram cumpridas, apesar de se tratar de um espaço provisório.

No entanto, Júlio Lopes alertou para a necessidade de pensar na sustentabilidade do mercado, de forma a ter clientes e produtores daqui a 30 anos.

“O mercado tem que agarrar todas as gerações”, defendeu, propondo que, no projeto definitivo, seja criado um parque infantil e se realizem atividades para adolescentes.

João Paulo Gouveia explicou que o mercado “não é apenas uma ideia desgarrada que surge do nada, há um fio condutor”, exemplificando com o lançamento do programa Viseu Rural e a criação de incubadoras de base rural instaladas nas freguesias de baixa densidade.