Mapa de vagas para médicos de família gera perplexidade em Viseu

Meia centena de médicos e utentes do Serviço Nacional de Saúde mostraram hoje, em Viseu, a sua perplexidade relativamente ao número de vagas abertas para médicos de família, apesar da carência sentida na região.

Durante uma vigília no Rossio, foi exibida uma faixa com o motivo da sua indignação: “3 vagas para 11.716 utentes sem médico de família” no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões.

Inês Laia, que está no segundo ano de internato, contou aos jornalistas que, dos 11.716 utentes sem médico de família no ACES, 9.811 são na cidade de Viseu, para onde “não abriu qualquer tipo de vaga”.

Na sua opinião, “não se compreende como é que um Ministério da Saúde que apregoa querer assegurar que todos os portugueses tenham médico de família depois tenha um mapa de vagas como o que apresentou”.

“Muitos dos nossos colegas vão ter que fazer uma escolha muito difícil entre realocarem-se a eles próprios, e muitos deles às suas famílias, para outro local ou então, na impossibilidade de o fazer, acabam por ter que rescindir com a função pública e ir trabalhar para o privado”, lamentou.

Inês Laia disse que a perplexidade ainda foi maior quando, “dias mais tarde, lançam um despacho que possibilita que, nesses lugares carenciados onde eles recusaram abrir vagas para médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar, que foram formados durante quatro anos para serem médicos de família, se possibilite a contratação de médicos, muitos deles sem especialidade, para assegurar ficheiros”.

Na vigília, o sentimento dominante era de tristeza, quer pela situação dos médicos, quer pela situação dos utentes, que não têm acesso a cuidados de saúde dignos.

Para mostrar a sua solidariedade, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, deslocou-se a Viseu, que considera ser “um exemplo paradigmático”.

“São perto de dez mil utentes sem médico de família. São necessários aqui médicos de família e o Ministério da Saúde abriu zero vagas. Portanto, o Ministério da Saúde não quer corresponder àquelas que são as necessidades das populações”, lamentou.

Segundo Carlos Cortes, “os médicos não querem escolher as suas vagas, o que os médicos querem é poder, neste caso em concreto, ter vagas nos locais onde há necessidade, onde há carência de médicos de família”.

“É um mapa (de vagas) incompreensível, que não obedece a nenhuma lógica e, sobretudo, não obedece a uma lógica de fixação dos médicos no Serviço Nacional de Saúde. Porque muitos médicos querem ficar em locais carenciados”, como Viseu, afirmou.

No seu entender, “o Ministério da Saúde coloca-se, neste momento, como o principal obstáculo na fixação dos médicos no Serviço Nacional de Saúde”.

“Faço este apelo à ministra da Saúde: corrija este mapa, porque não serve os doentes, não serve as pessoas, não serve os utentes que necessitam de médicos de família”, pediu.

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