Lápide de guerreiro com dois mil anos foi descoberta em Viseu

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Um achado arqueológico de “grande valor histórico”, com mais de dois mil anos, foi encontrado no decorrer das obras de reabilitação do antigo edifício do Orfeão de Viseu, na zona histórica da cidade, anunciou, dia 16, a Câmara.

“Uma lápide romana epigrafada, com a representação de um guerreiro, foi identificada durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico das obras de reabilitação do antigo edifício do Orfeão”, sintetiza a Câmara de Viseu, em comunicado.

O antigo edifício do Orfeão, que se situa na Rua Direita, zona histórica da cidade, com um logradouro, onde a peça foi encontrada, praticamente nas costas da Sé Catedral, começou a ser reabilitado há cerca de um mês, num investimento superior a 1,2 milhões de euros.

“Trata-se de uma descoberta da maior importância, que vamos agora estudar em profundidade, e que comprova o enorme valor histórico e arqueológico da cidade de Viseu”, afirma a presidente da autarquia, Conceição Azevedo.

Segundo a nota de imprensa, a peça estava “reaproveitada na parede de uma antiga casa, datada de finais do século XIX, e foi identificada durante a primeira fase dos trabalhos arqueológicos realizados” pela empresa especializada em Património e Arqueologia.

A Câmara refere no documento que, nos últimos dias, realizou-se a remoção da lápide, que foi, entretanto, transportada para o Polo Arqueológico de Viseu, trabalhos que contaram com o acompanhamento da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

“Apesar de a peça não estar completa, a primeira avaliação aponta para que se trate de um dos maiores achados que se fizeram em Viseu nos últimos anos e uma descoberta relevante no contexto nacional”, assume o vereador do Património.

Fernando Marques, recém-empossado na qualidade de vereador e antigo gestor do Centro Histórico na Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), admite que, na autarquia, estão “muito entusiasmados com este achado”.

“A personagem que se encontra representada ostenta um escudo redondo e segura numa das mãos um punhal, tendo uma inscrição com carateres latinos na extremidade inferior”, explica o documento.

Este achado, continua a nota, conjugado com os vestígios arqueológicos do povoado de Vissaium que foram identificados recentemente no Largo da Misericórdia, “vem comprovar a importância que este povoado da Idade do Ferro assumiu na região”.

Importância que “terá sido reconhecida pelos romanos a partir do final do séc. I a.C., quando se constrói a cidade romana”, refere o comunicado da autarquia, que esclarece que o “extraordinário achado será agora alvo de um estudo aprofundado, a cargo dos professores Pedro C. Carvalho e Armando Redentor”, da Universidade de Coimbra.

“Nos últimos anos, nas funções que ocupei enquanto Gestor do Centro Histórico, percebi a riqueza que o nosso concelho ali tem. Por isso mesmo, a autarquia e todos os agentes envolvidos têm sido rigorosos com o que ali se faz. Este trabalho está a permitir-nos preservar um património riquíssimo, devolvendo-o aos viseenses”, assume Fernando Marques.

A Câmara de Viseu iniciou a reabilitação do antigo edifício do Orfeão com o intuito de “recuperar e devolver” à cidade “um património histórico inigualável” e tem por objetivo vocacionar este equipamento para atividades pedagógicas no âmbito do programa Viseu Educa.

“Este projeto será essencialmente desenvolvido na área de ampliação posterior, onde funcionará a Universidade Sénior de Rotary Club de Viseu, bem como o apoio pedagógico a jovens de famílias carenciadas, com o intuito de proporcionar condições mais favoráveis ao seu sucesso escolar”, refere a nota.