2016: Pós-verdade

Anualmente a Oxford Dictionaries, entidade responsável pela elaboração de dicionários do departamento da Universidade de Oxford, elege uma palavra para a língua inglesa.
A de 2016 é “pós-verdade”.
Miguel Sousa Tavares, define no jornal Expresso, “Pós-verdade — como aquilo que não é necessariamente verdade, provavelmente é até mentira, mas, como não está confirmado que seja mentira, pode passar por verdade”.
A pós-verdade ou post-truth, em inglês, é um adjetivo associado a circunstâncias em que os factos objetivos são menos importantes para a opinião pública, do que os apelos à emoção. Segundo a Oxford Dictionairies, a palavra vem sendo empregada em análises sobre dois importantes acontecimentos políticos: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, apelidado de “Brexit”.
A mentira está banalizada e assistimos mesmo a campanhas organizadas, ou não, de proliferação das mesmas. Neste contexto circunstancial, a verdade desvaloriza-se e as mentiras sempre fizeram parte do discurso político – hoje apercebemo-nos melhor disso. Colocamos no bolso «o peso da consciência» e relevamos o valor do dinheiro, poder, egoísmo. Estes são os únicos Deuses dos valores, a quem prestamos culto. Em tempos dizia-se que a “mentira tem perna curta”, hoje parece ser um modo de vida, em que não se teme a descoberta da dita cuja.
O tempo quase sempre revela e evidencia a verdade, mas leva-nos tanto do seu tempo que é mais fácil alhearmo-nos dela, do que lhe dar a importância devida.
Nas redes sociais é o paraíso: todos são perfeitos, felizes, sinceros e humanistas. A rotina da mentira passou a moda por excelência, circula insistentemente o “adoro-te”, “és única/o”. A mentira tornou-se uma necessidade e uma forma de ser e de estar. Partilham campanhas de solidariedade, disponibilizam-se para ajudar o próximo e por trás do monitor estão pessoas zangadas com a vida, frustradas, mentirosas… O jogo é só expor o que é politicamente correto, é a procura do protagonismo saloio e do like fácil.
A sociedade contemporânea vive dominada pela tecnologia. A vida do Homem e das coisas liga-se à comunicação social e ao crescimento das redes sociais e aos mais variados suportes físicos das mensagens.
E o jornalismo? Terão os jornalistas, mesmo assim, a possibilidade de informar? Hoje em dia, é extraordinária a capacidade do Homem em fazer circular a imagem. Os acontecimentos transmitem-se num ápice, de um lado ao outro do planeta, no preciso momento em que os factos ocorrem. O público é, agora, espetador que aguarda a vivacidade e a espontaneidade dos factos relatados, com o respectivo sensacionalismo. A capacidade de informar os semelhantes encontra-se, no entanto, cada vez mais reservada aos detentores dos meios de transmissão. E hoje por recurso às novas tecnologias, cada vez mais acessíveis, pode ser qualquer um de nós a produzir a notícia.
São dados essenciais para o melhor entendimento desse complexo fenómeno do século XXI: a proliferação de mentiras através das mensagens virtuais e virais, a sua circulação no mundo, os seus efeitos, influências e limitações, num contexto, para já, político. Outras atividades estão a entrar no «jogo»!.

Por Vítor Santos
(Lic. Comunicação Social)

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