O líder da oposição espanhola, Pablo Casado, do Partido Popular (direita), questionou ontem o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, como era possível Portugal, mesmo ao lado, ter apenas 700 vítimas mortais enquanto Espanha 20.000, devido ao novo coronavírus.
“Como é possível que Portugal tenha tido [apenas] 700 vítimas mortais e nós mais de 20.000, se partilhamos uma fronteira comum?”, perguntou Casado a Sánchez durante o debate no parlamento sobre a prorrogação do estado de emergência em Espanha.
O líder do PP foi muito duro nas críticas à forma como o chefe do Governo tem feito a gestão da luta contra o novo coronavírus.
Pablo Casado revelou durante o debate que iria apoiar a terceira prorrogação do estado de exceção, mas instou Sánchez a governar “com firmeza e determinação”, para resolver a crise e “aproveitar” os próximos quinze dias, porque “a paciência dos espanhóis também tem um limite”.
A alusão a Portugal não foi a única feita no debate, tendo a líder parlamentar do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Adriana Lastra, mencionado a carta que o líder da oposição portuguesa, Rui Rio, do PSD, reiterou em mensagem aos militantes do seu partido a sua atitude de colaboração com o Governo socialista.
Portugal registou 785 mortos associados à covid-19, enquanto a Espanha 21.717, segundo dados oficiais divulgados ontem pelas respetivas autoridades sanitárias.
Espanha tem cerca de 45 milhões de habitantes, enquanto Portugal cerca de 10, uma diferença que, mesmo assim, não esconde a grande diferença de óbitos verificada em cada um dos países.
Espanha é o segundo país com mais mortos com a pandemia por cada milhão de habitantes (464 óbitos), depois da Bélgica (540) e antes da Itália (408) e França (319), numa lista em que os Estados Unidos têm 137 e Portugal 77.
A Espanha é um dos países mais atingidos pela pandemia de covid-19 que a nível global, segundo um balanço da AFP, já provocou cerca de 178 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Até ontem os Estados Unidos são o país com mais mortos (45.075) e mais casos de infeção confirmados (mais de 825 mil).
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram entretanto a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.