O secretário-geral da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) afirmou ontem à Lusa que o impacto do novo coronavírus no setor “é complicado” e comparou-o a uma “terceira guerra mundial para a economia”.
O grupo francês PSA anunciou ontem que vai fechar a unidade de Mangualde a partir de quarta-feira, na sequência da decisão de encerrar todas as suas fábricas na Europa face ao surto de Covid-19.
No dia anterior a Autoeuropa (grupo Volkswagen) decidiu suspender a laboração nos turnos da noite e da manhã, porque muitos trabalhadores vão ficar em casa com os filhos, devido ao encerramento das escolas.
Questionado sobre o assunto, o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro, considerou que o “cenário é complicado” para o setor e que tem tendência para piorar.
“Porque atrás dos construtores vêm outros a tomar medidas” semelhantes, “é como uma terceira guerra mundial para a economia”, sublinhou.
“Em 2009, tivemos uma crise profunda e difícil, houve uma redução de procura, mas não houve esta situação de encerrar as fábricas”, disse Hélder Pedro.
“A montante temos os fornecedores de componentes, que não muitas vezes pequenas empresas que vão deixar de fornecer, e a jusante os distribuidores, que deixam de ter veículos para distribuir, tudo isto associado à crise de confiança económica é muito problemático”, apontou.
“Vamos aguardar”, disse, salientando esperar que todas medidas adotadas permitam que “esta pandemia passe rapidamente”.
Também hoje a fabricante italiano-americana Fiat Chrysler anunciou que vai fechar “a maioria das fábricas europeias” até 27 de março devido à pandemia do novo coronavírus.
Esta decisão envolve seis fábricas em Itália, uma na Sérvia e outra na Polónia, precisa a Fiat Crysler (FCA), numa altura em que já morreram mais de 1.800 pessoas devido ao Covid-19.
Segundo a agência italiana Radiocor, estas fábricas representam entre 30% a 35% da capacidade produtiva do construtor automóvel, que possui as marcas Fiat, Chrysler, Jeep, Maserati, Alfa Romeo, Dodge et Ram.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.