Uma caverna como alegoria do inferno. É esta a alegoria que Marcos Morau, director da companhia La Veronal, utiliza na coreografia Voronia para mergulhar nas entranhas da terra e explorar o conceito de mal. A peça que chega ao Teatro Viriato no sábado, dia 09 de fevereiro, propõe uma autêntica viagem ao abismo, à caverna mais profunda do mundo, a um mundo ritualístico feito de homens e mulheres, em vestes quase clericais, presos numa espécie de limbo.
Segundo alguns críticos, Marcos Morau é dos poucos criadores contemporâneos que abordam o conceito de mal com tanta precisão. O coreógrafo, que em 2013 recebeu o galardão Prémio Nacional de Dança (em Espanha), inspira-se no universo cinematográfico de Kubrick e David Lynch, que nos seus trabalhos muitas vezes colocam o inferno na terra e exploram o sentimento de mal-estar, de beco sem saída. A peça coreográfica apresenta uma sucessão de quadros surreais, conduz o público do nascimento à morte e além vida. Há um funeral, um elevador, um urso polar, um padre, um grupo de homens nus, textos bíblicos, música operística enquanto ferramenta narrativa e muito drama vestido com um veludo vermelho.
A linguagem dos bailarinos alterna entre movimentos deliriosos e ritmos sincopados, numa estrutura poderosa e sufocante que tem sido a imagem de marca da companha La Veronal. Os críticos são unânimes, os bailarinos têm uma interpretação excepcional que capta o espectador desde o primeiro momento.
Voronia tem sido apresentado um pouco por toda a Europa e revela a genialidade de Marcos Morau.