Gustavo Veloso (W52-FC Porto) demonstrou , dia 27, que a idade é apenas um número e que o ciclismo é a sua vocação, vencendo pela primeira vez o prólogo da Volta a Portugal, depois de dois segundos lugares e um terceiro.
“Mais importante do que a amarela, foi vencer o prólogo. Fiquei três vezes em segundo [na realidade, foi segundo em 2015 e em 2014, e terceiro no ano passado], muito perto do primeiro e, hoje, foi a vez de outros ficarem bem perto de mim. Sou uma amostra de como aos 40 anos ainda se pode andar bem. Adoro esta modalidade, sou ciclista por vocação”, disse após subir ao pódio, já de camisola vestida, de máscara e sem direito a champanhe.
Num primeiro esboço de domínio dos ‘dragões’, que viram os seus corredores sucederem-se no ‘hot seat’ em Fafe, o veterano galego foi mais rápido do que os jovens, cumprindo os sete quilómetros do prólogo exigente e técnico que abriu a edição especial da Volta a Portugal em 09.39 minutos, com uma média de 43,523 km/h.
O exercício individual de Veloso contra o cronómetro destronou o até então líder Daniel Mestre, seu companheiro na W52-FC Porto, que, por sua vez, já tinha ‘roubado’ o primeiro lugar a Samuel Caldeira, com os ‘portistas’ a conseguirem colocar quatro representantes no ‘top 10’.
Mas ‘Gus’ só respirou de alívio quando o campeão em título, o seu jovem colega João Rodrigues, cruzou a meta, a oito segundos do seu registo. Sozinho, a acompanhar a prestação do algarvio pela televisão, o bicampeão da prova (2014 e 2015) foi contido nas celebrações, limitando-se a abraçar Daniel Mestre, terceiro a um segundo, sem que nenhum elemento da sua equipa aparecesse para fazer a festa, num contexto fortemente marcado pela covid-19.
O feito de Veloso foi ainda mais significativo, porque o veterano bateu o grande favorito, Rafael Reis (Feirense), vencedor do ‘crono’ de abertura das edições de 2016 e 2018, que ficou a um segundo, no segundo lugar.
“Este resultado do Gustavo não me surpreende, num prólogo parecido, aqui em Fafe, em 2014, já tinha sido segundo”, admitiu o ciclista de 28 anos, que foi companheiro do galego na W52-FC Porto em 2019 e 2016.
Hoje, não houve multidões como noutros tempos para aplaudir os ‘dragões’, mas o limite dos ajuntamentos foi largamente superado – e a interdição de público nas chegadas ignorada -, com famílias inteiras a aparecerem na Praça 25 de Abril de Fafe e a suscitar a pronta intervenção da GNR, a pedir “mais espaço” entre os espetadores que, na sua maioria, prudentemente, apareceram de máscara, e a afastá-los por completo da zona do pódio, antes da cerimónia protocolar.
Antes de ser ‘expulso’ da zona de meta, o público conseguiu testemunhar o sexto lugar do ‘vice’ de 2019, Joni Brandão (Efapel), a sete segundos do terceiro classificado da passada edição, ou o 10.º de Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano), a 12.
Mais penalizados foram os líderes do Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, Alejandro Marque e Frederico Figueiredo, respetivamente 17.º, a 21 segundos, e 22.º, a 23, assim como Joaquim Silva (Miranda-Mortágua), que perdeu 24, Ricardo Vilela (Burgos BH), que cedeu 32, o mesmo tempo perdido por Amaro Antunes (W52-FC Porto).
João Benta (Rádio Popular-Boavista) e Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO) foram os candidatos com pior prestação, ficando, respetivamente, a 36 e 38 segundos de Veloso.
O galego vai partir de amarelo para a primeira e mais longa etapa da edição especial da Volta a Portugal, uma ligação de 180 quilómetros entre Montalegre e o alto de Santa Luzia (Viana do Castelo), onde a meta coincide com uma contagem de terceira categoria.