A Santa Casa da Misericórdia de Tarouca registou esta semana um surto na residência Nossa Senhora do Socorro, estrutura na qual 56 de 60 utentes testaram positivo ao novo coronavírus, disse hoje à agência Lusa o provedor.
“Aos primeiros sintomas de utentes fizemos um teste rápido a um e deu positivo. Resolvemos de imediato testar toda a gente na segunda-feira e, qual não foi o nosso espanto, que em 60 utentes vieram 56 positivos, dois inconclusivos e dois negativos”, contou Rui Raimundo.
Um espanto que o provedor justifica pelo facto de “toda a gente ter sido vacinada no dia 11 de janeiro e uma semana depois toda a gente acusa positiva” ao SARS-CoV-2, vírus que está na origem da covid-19.
“Estávamos numa alegria enorme, porque conseguimos fazer a travessia no deserto, desde o início da pandemia sem um único caso. Recebemos a primeira dose da vacina e temos já programada a segunda toma em 02 de fevereiro”, disse.
Entre todos os colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Tarouca “estão, para já, sete a oito pessoas infetadas”, isto porque os testes foram realizados depois dos utentes e ainda não há o resultado de todos.
“Mas isto custou muito a aceitar. Confesso que, no início, nem acreditava, porque até éramos uma referência na região. Já com a primeira toma da vacina e sem nunca baixarmos os braços nem os procedimentos de segurança”, reagiu.
Para este responsável, a “única explicação possível é essa variante que chamam de inglesa, que tem um grau de contágio maior”.
Ainda assim, “não se percebe, porque o lar tem três pisos e desde o início da pandemia as pessoas deixaram de se cruzar”.
“Ou seja, ficaram todos confinados ao piso em que estão. Os colaboradores ficaram afetos a esse piso e deixaram de se cruzar, nem sequer se encontravam e o que é facto é que o vírus chegou aos três pisos”, disse.
Rui Raimundo explicou ainda que “entre os casos positivos está tudo tranquilo, as pessoas estão, de uma maneira geral bem, sem sintomas ou ligeiros, com exceção para três utentes que requerem mais cuidados”.
“São três casos que no dia-a-dia já inspiravam mais cuidados nossos, dada a sua saúde frágil. São utentes que iam e vinham das urgências com alguma regularidade pelas suas patologias que nada têm a ver com a covid, mas agora estão mais frágeis”, adiantou.
No seu entender, “o facto de estarem vacinados poderá ser um fator para que se encontrem todos bem” e, “se assim é, já valeu a pena, porque até agora está tudo tranquilo” entre utentes e colaboradores, “ficando só por saber como é que vai ser gerida a segunda dose”.
“Mas isso são as autoridades de saúde que têm de decidir”, rematou.