Trabalhos arqueológicos, promovidos pela Câmara Municipal de Santa Comba Dão, estão a colocar a descoberto ruínas associadas ao templo de Santa Columba, que está na origem da sede do município.
“Poderemos estar perante o marco zero do povoamento da villa de Sancta Columba” ou Santa Comba, disse o diretor das escavações após duas semanas de escavações no Couto do Mosteiro, em terreno contíguo à atual igreja matriz.
Num comunicado de imprensa enviado pela autarquia, Pedro Matos explica que, “em pleno século X – na Alta Idade Média -, o núcleo populacional mais importante da zona situava-se no território que agora corresponde ao Couto do Mosteiro, onde existia a importante villa de Sancta Columba”.
Pedro Matos baseia-se nos “materiais e estruturas encontrados que revelam estas origens, bem como vestígios de outras ocupações”, numa campanha arqueológica composta por estudantes do curso de arqueologia da Universidade de Coimbra.
Segundo o documento, o grupo de trabalho “está a pôr a descoberto ruínas associadas à igreja dedicada a Santa Columba – ou um pequeno mosteiro – enquadrado no período entre os séculos IX e XI”.
A descoberta “poderá remeter às origens de Sancta Columba ou Santa Comba e ao povoamento de todo um território, que se estendia entre as atuais localidades de São Joaninho, Couto do Mosteiro e Santa Comba Dão, acompanhando sempre as margens da ribeira” do Criz que desagua no rio Dão.
“Aqui nasceu Santa Comba Dão”, acredita Pedro Matos, que também encontrou no local vestígios de um povoamento ainda mais remoto, situado possivelmente entre os séculos I e V depois de Cristo”.
Segundo o arqueólogo, “antes do templo cristão, a área teve ocupação romana, tendo existido, nas imediações, uma quinta – uma villa romana” e, “a comprová-lo, estão as telhas descobertas no local escavado, que poderão corresponder ao telhado aluído de uma das estruturas da villa, aproveitadas para as fundações da igreja de Santa Columba”.
“Com o início da reconquista cristã, a zona foi, muito provavelmente, reorganizada pelos conquistadores. Não sabemos se a villa romana foi, ou não, abandonada, pelo que poderá mesmo ter havido uma ocupação continuada entre o período romano e a reconquista cristã. O facto é de que estamos a encontrar ruínas medievais, associadas a uma igreja, que foi construída na Alta idade Média”, adianta.
Neste sentido, a autarquia esclarece que “o núcleo que deu origem à atual cidade de Santa Comba Dão sabe-se que surgiu duzentos anos depois de Santa Columba e chamava-se Santa Comba do Burgo”.
Desde o verão do ano passado que decorre uma outra escavação no concelho, em Patarinho, entre Óvoa e Cagido, onde está a descoberto “uma villa romana, também de grande importância, que seria uma propriedade nobre, ligada à então capital administrativa da zona, que era Bobadela”.
Perante estas duas escavações, Pedro Matos defende que “o potencial arqueológico de Santa Comba Dão é imenso, abrangendo vestígios que permitem traçar uma linha no tempo, que vai desde os romanos, passando pelas sepulturas rupestres após a queda do império romano até, quatrocentos anos depois, possivelmente aos vestígios do templo na origem de Santa Comba: a igreja ou mosteiro de Sancta Columba”.