Rede Artéria apostou na formação de públicos para a cultura na região Centro

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A  formação de públicos para a cultura no âmbito da Rede Artéria é uma das apostas que a coordenadora do projeto realça, ao fazer o balanço de três anos de trabalho em oito municípios da região Centro.

“Foi uma experiência muito rica poder-se trabalhar com municípios tão diversos”, disse hoje Isabel Craveiro à agência Lusa, quando falta uma semana para a última produção artística da rede ser apresentada, no Castelo de Belmonte.

Concebido pela coreógrafa Filipa Francisco, da associação Mundo em Reboliço, e inspirado no Entrudo e noutras tradições daquele concelho do distrito de Castelo Branco, o espetáculo “Caminho” é a oitava produção da Rede Artéria.

“Queremos unir as questões da produção de conhecimento à criação”, sublinhou Isabel Craveiro, diretora de ‘O Teatrão’, de Coimbra.

Coordenado academicamente pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e artisticamente por aquela companhia de teatro, o Artéria teve como objetivo, entre outros, a criação de uma rede de programação regional, envolvendo agentes culturais e estruturas diversas nos municípios de Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu.

“Desde 2017, combinámos a criação com a programação”, declarou, defendendo a necessidade de “provocar algumas transformações e a formação de públicos nestes territórios”, na sua maioria situados no interior do país.

No Centro, coexistem “municípios muito diferentes do ponto de vista da sua dimensão e também do ponto de vista cultural”, referiu.

Isabel Craveiro disse que, nos oito concelhos da Rede Artéria, os responsáveis do projeto encontraram “maneiras de trabalhar muito diferentes” e lidaram com “abordagens dos artistas também diversas”.

Da parte das autarquias, verificou-se “um interesse muito grande de trabalhar com a atividade artística”, acentuou.

Em Portugal, lamentou a coordenadora da Rede Artéria, “não existe muito a capacidade de pensar a longo prazo”, o que levou ‘O Teatrão’ a dinamizar uma candidatura aos fundos europeus do Centro 2020, que foi aprovada, a fim de criar uma rede de programação cultural na região.

Relativamente aos avanços na formação de públicos, Isabel Craveiro fez “um balanço positivo”, mas reconheceu que, neste capítulo, os municípios parceiros “não estão todos na mesma faixa de rodagem”.

“Não nos podemos fechar. É preciso haver mais contaminação e mais discussão”, preconizou.

Além da programação cultural e da criação artística, o Artéria aposta no acompanhamento científico e na participação comunitária.

As instituições académicas parceiras são as universidades de Coimbra e da Beira Interior, e os institutos politécnicos de Coimbra, Viseu, Castelo Branco, Guarda e Tomar.

Nas suas publicações, a Rede Artéria propõe para reflexão “a forma como a atividade artística pode contribuir para refundar as bases da cidadania, da democracia e da sustentabilidade urbanas”.

“O objetivo científico é facilitar uma conceção integrada das questões sociais e culturais do espaço urbano, articulando o conhecimento académico e não académico”, explica. O projeto é igualmente apoiado pela Turismo Centro de Portugal.

“Caminho”, um espetáculo de dança, teatro, voz e música que envolve a população de Belmonte, vai ser apresentado nesta vila do distrito de Castelo Branco, nos dias 04, 05 e 06 de setembro.