O presidente da Câmara de São João da Pesqueira disse hoje à agência Lusa que o projeto Radar Social não identifica só pessoas com carências no concelho e que há outras valências a serem trabalhadas.
“Este Radar Social é muito além do que lhe compete, porque além da identificação e encaminhamento, vai também fazer atividades em todas as aldeias e procurar todas as pessoas que não têm resposta direta, por não se enquadram em nenhum tipo de apoio”, sublinhou Manuel Cordeiro.
O presidente da autarquia lembrou que o Radar Social é um projeto com financiamento europeu e, “muitos municípios abraçaram esta oportunidade” de identificar e apoiar situações de “maior vulnerabilidade financeira”, mas São João da Pesqueira “aproveitou para mais”.
Manuel Cordeiro contou que colocou os técnicos do projeto financiado a trabalhar com os técnicos municipais a que juntou “outros profissionais” para trabalhar com as pessoas nas aldeias.
“Estamos a fazer, semanalmente, atividade física, a promover conversas banais, um telefonema e uns minutos de conversa. Em todas as aldeias temos um mentor, uma pessoa mais jovem que é responsável por detetar a ausência de alguém ou de determinada rotina”, apontou.
Ou seja, “há toda uma comunidade envolvida, com voluntários, em prol de saber do bem-estar de todos”, referiu, realçando que “há associações que envolveram os miúdos para saberem da comunidade onde estão inseridos, num trabalho de voluntariado”.
“Pode ser a ajudar a mudar uma mobília, pode ser a ir buscar alguma coisa que precisem, uma garrafa de gás, qualquer coisa que os cidadãos com mais vulnerabilidade precisem e que a comunidade pode ajudar”, especificou.
Neste sentido, “mais do que haver pessoas com necessidades financeiras, que é preciso ajudar, há também pessoas que até têm uma boa reforma e o apoio dos filhos, mas que estão sozinhas e isoladas e essas pessoas também precisam de apoio”.
“E é aí que queremos chegar. Quando estou nas aldeias a apresentar o projeto há pessoas que me acenam como que a dizer ‘é isso, é isso que preciso, mas tenho vergonha de pedir’” (nota-se bem “nos rostos que tenho à minha frente”), salientou.
O autarca não sabia ainda quantas pessoas é que estão a ser apoiadas pelo projeto, porque “os técnicos ainda estão no terreno e até novembro as pessoas ainda podem manifestar interesse em receber apoio” do município.
“Eu que tenho andado no terreno, tenho percebido que tem havido muito interesse por parte da comunidade, quer por carência financeira, quer por outras vulnerabilidades, porque como estamos a trabalhar várias frentes, de alguma forma a população identifica-se”, reconheceu.
O presidente da Câmara indicou ainda que já ouviu pessoas dizerem-lhe que “não querem estar em nenhuma atividade, mas se alguém lhes telefonar ou bater à porta regularmente a perguntar se está tudo bem e se precisa de alguma coisa, é o suficiente”.