O PSD, que governa a Câmara de Mortágua, vai ficar de fora na corrida autárquica de setembro, depois de o atual presidente, que tinha sido indicado pelo secretário-geral do partido, ter anunciado que não se irá recandidatar.
Em comunicado, a concelhia do PSD refere que “só muito recentemente” foi informada de que José Júlio Norte, presidente da Câmara de Mortágua desde as autárquicas de 2013, “teria decidido não apresentar a sua candidatura”.
“Face a esta nova realidade, a Comissão Política de Secção desenvolveu esforços para a apresentação de um novo candidato e elaboração de todo o processo de constituição das listas autárquicas”, conta a estrutura partidária.
No entanto, concluiu “que não era possível contactar e inscrever cerca de 240 candidaturas aos diversos órgãos autárquicos” dentro do prazo legal, ou seja, até segunda-feira.
“Trata-se de uma situação inédita no concelho, alheia à nossa vontade, que lamentamos profundamente, pelo facto de os militantes e simpatizantes do PSD e os mortaguenses em geral se verem privados de poderem optar por uma candidatura renovada”, lamenta.
A estrutura partidária conta que, em 03 de março, foi confrontada “com o anúncio público do secretário-geral do PSD da indigitação para a candidatura à presidência da Câmara” do seu atual presidente, sem que tivesse sido “formalmente consultada e se pronunciasse sobre o assunto”.
“Conhecendo esta comissão a realidade do concelho, tinha uma palavra a dizer sobre a estratégia autárquica e consequente escolha do candidato do partido à presidência do município”, considera, lamentando que, só depois de vários meses, Júlio Norte tenha tornado pública a sua decisão.
Através da rede social Facebook, Júlio Norte anunciou aos munícipes que, “após cerca de 27 anos nas funções de vereador, sendo que três deles na oposição, os restantes com funções executivas e na qualidade de vice-presidente, e quase oito anos como presidente da Câmara Municipal de Mortágua”, chegou “o momento de concluir este ciclo político”.
Na mensagem, o autarca refere que “a democracia faz-se de igualdade, pluralismo, representatividade” e “há que saber respeitar os princípios deste que é o sistema, por excelência, da segurança, da tolerância, da liberdade e, porque não, da fraternidade”.
“Como tal, e como fui um acérrimo lutador pelo fim do regime ditatorial do Estado Novo, cabe-me honrar os cargos que assumi e saber retirar-me ao fim de quase 32 anos de exercício ininterrupto das funções de autarca, onde a ética, os princípios e os valores nortearam a minha conduta”, justifica, acrescentando que “é chegada a hora de abraçar novas causas” e dedicar atenção à família.
Em Mortágua, a CDU, o PS e um movimento independente devem apresentar-se sufrágio.
Nas últimas eleições autárquicas, em 2017, o PSD conquistou três mandatos e o PS os outros dois.