PSD de Santa Comba Dão preocupado com desistência de investimento de 1,2 ME de empresário árabe

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O PSD de Santa Comba Dão está preocupado com a possibilidade de um empresário árabe deixar de investir 1,2 milhões de euros no concelho, na área do turismo, por alegadamente ter sido vítima de burla.

Em comunicado, a comissão política de secção do PSD, presidida por António José Correia, referiu que o projeto foi apresentado em reunião da câmara e “prometia ser um investimento importante para o desenvolvimento e projeção turística do concelho de Santa Comba Dão”.

“Nos últimos meses, já se ouvia algum ruído relacionado com o descrito nas notícias”, lamentou aquela estrutura partidária.

Um empresário árabe que planeava investir 1,2 milhões de euros no turismo em Santa Comba Dão revelou à agência Lusa que pondera abandonar o projeto após ser alegadamente burlado por um cidadão, também acusado de fraude com donativos para a Ucrânia.

O empresário Fares Nasser adquiriu a Quinta Nova do Soutal, com o objetivo de a transformar numa unidade turística.

Segundo o PSD de Santa Comba Dão, atendendo ao que já se ouvia nos últimos meses, “e dando tempo para que todos os envolvidos pudessem encontrar soluções”, António José Correia, que é também vereador da oposição, levou o assunto à reunião de câmara de 21 de julho, questionando sobre o ponto de situação deste investimento.

“Respondendo à questão, o senhor presidente do município (PS) disse que não sabia de nada, o que já não deixa de ser habitual”, lamentou.

No seu entender, “apesar das questões do foro jurídico que possam estar associadas à relação entre investidor e colaboradores, num investimento desta monta e de interesse para o concelho, cabe sempre ao município tentar promover todas as condições” para que ele se concretize, “independentemente dos percalços que possam surgir”.

“Perante a resposta do senhor presidente resta, apenas, concluir que o acompanhamento do investimento por parte da autarquia foi nulo e que o empresário se sentiu abandonado e sem qualquer apoio ou orientação. E isto, a ser verdade, não é admissível”, considerou.

O PSD de Santa Comba Dão disse entender que “os investidores devem ser acompanhados em permanência e o município e seu presidente devem ter um papel de parceria efetiva e facilitadora com vista à concretização dos mesmos”.

A compra deu-se em 2019, depois de outros investimentos, nomeadamente em Góis, distrito de Coimbra.

No ano passado, para o projeto avançar, o empresário procurou um caseiro, uma pessoa que cuidasse da quinta e realizasse alguns trabalhos, não apenas no imóvel, como também no jardim, e acabou por aceitar a oferta de Rui de Sousa, com quem nunca chegou a fazer um contrato.

Este indivíduo pediu-lhe mais tarde para morar num dos imóveis da quinta, com a mulher e um filho, o que o empresário, residente em Omã, aceitou.

Trata-se de um casal que está a ser investigado pelas autoridades portuguesas após acusações de pessoas que o acusa de burla com donativos para ajudar pessoas e animais na Ucrânia.

Fares Nasser afirma que avançou várias quantias de dinheiro, esperando em troca a realização de trabalhos e a respetiva aquisição de materiais, mas foi sabendo por várias pessoas da região que afinal o trabalho não estava a ser feito, nem o material, para o qual pedia dinheiro, estava a ser adquirido.

O empresário pondera vender a quinta pelo valor que comprou e ir investir os 1,2 milhões de euros em outra região.

A Lusa tentou, sem sucesso, ouvir Rui de Sousa, bem como o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão.