Profissionais da PSP e GNR protestam em Viseu por melhores salários

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Cerca de três dezenas de profissionais da PSP e da GNR juntaram-se em Viseu, a propósito da chegada dos ciclistas da volta a Portugal, numa ação de protesto por melhores salários e condições de serviço.

“Queremos um aumento salarial compatível com a inflação. Desde 2009 que não temos qualquer aumento salarial, a tabela remuneratória é a mesma e em comparação com o ordenado mínimo está quase no mesmo valor”, assinalou o coordenador do Centro da Associação dos Profissionais da Guarda (APG).

Rui Sousa explicou aos jornalistas que “um militar da GNR em início de carreira pouco mais ganha do que um ordenado mínimo, por isso não conseguem completar as vagas, não conseguem preencher os alistamentos e tudo derivado de uma questão monetária”.

Este responsável disse ainda que a APG “já solicitou” reuniões junto do Ministério da Administração Interna (MAI) para “negociar o estatuto remuneratório” mas, mudou o ministro e as negociações continuam paradas.

“Ficámos animados quando mudou o ministro da Administração Interna. Esperávamos um ministro diferente, mas vimos que os livros são os mesmos, até o nome é parecido. Não nos recebem, não tivemos qualquer acesso, enviámos dois ofícios a pedir reunião e não tivemos qualquer resposta do senhor ministro”, acusou Rui Sousa.

Do lado dos profissionais da PSP, que também juntou em Viseu elementos de Coimbra e Leiria, “mas poucos, tendo em conta que se vive um período típico de férias e há imensos eventos a acontecer” como a Volta a Portugal e a Feira de São Mateus, em Viseu.

A ação de protesto, “escolhida hoje para Viseu para ter visibilidade na volta a Portugal em bicicleta”, vai repetir-se “ao longo de vários eventos no verão, para que os cidadãos que também visitam o país saibam em que condições os profissionais” de segurança trabalham.

“A atratividade da carreira é bastante baixa. Hoje são poucos os jovens que querem concorrer à Polícia de Segurança Pública (PSP) e muito provavelmente também à GNR”, apontou um dos elementos da direção da Associação Sindical dos Profissionais da PSP (ASPP).

Carlos Costa afirmou que o que querem afirmar aos cidadãos é que Portugal é “um país seguro, mas com polícia com vencimentos ‘low cost’ (baixo custo)”, como ilustravam na t-shirt que vestiam: “Super polícias 809 euros mês, tudo incluído”.

“Toda a gente sabe que um polícia hoje ganha 801 euros no início de carreira e aquilo que exigimos é que cada polícia que ingresse na PSP ou na GNR receba o valor mínimo de 1.250 euros”, pediu o tesoureiro da ASPP, Carlos Costa.

Este responsável alertou ainda para a média de idades que as esquadras, fora das grandes cidades, hoje apresentam, e, por isso, disse que os profissionais entendem que “é necessário rejuvenescer a PSP, que está envelhecida”.

Segundo explicou, os polícias “no interior e nas zonas mais distantes, têm uma média de idades superiores aos 55 anos”, o que no seu entender “é grave para se ter um nível de segurança com eficácia”.

“Cada vez temos menos condições de exercer a profissão, é um facto, e por isso exigimos, não só por nós, melhores condições, mas também para que a segurança tenha maiores níveis de eficácia. [É preciso] uma polícia rejuvenescida”, considerou.

O envelhecimento do interior, explicou, deve-se ao facto de “os policias ficarem no comando de Lisboa, quando acabam as suas formações”, e “só depois, uns 20 anos mais tarde, é que começam a ir para as esquadras mais distantes como Bragança, Faro ou Beja”, por exemplo.