Professores fazem “revisão da matéria” em Viseu para negociação com Governo

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Cerca de duas centenas de professores juntaram-se hoje em Viseu a entoar palavras de ordem, como “revisão da matéria dada”, com a Fenprof a lembrar que a contagem do tempo de serviço seria “uma luz” nas negociações.

“O que seria uma luz ao fundo do túnel, seria o Ministério [da Educação] assumir que recuperaria os seis anos, seis meses e 23 dias num processo gradual, ao longo dos anos e pode até ir além desta legislatura”, afirmou o secretário-geral adjunto da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) a propósito da reunião com o Governo marcada para quinta-feira.

Francisco Gonçalves falava aos jornalistas em Viseu, no Rossio, onde cerca de duas centenas de professores se juntaram no segundo dia da nova ronda de greves distritais, que decorrerá até 12 de maio, convocada pela plataforma de nove sindicatos que inclui a Fenprof e a Federação Nacional da Educação (FNE).

“Nós percebemos os impactos orçamentais que uma medida dessa natureza [contagem do tempo de serviço] tem, mas isso sim, reduziria as ditas assimetrias”, defendeu Francisco Gonçalves que apontou, como exemplo, o tempo contado para os professores nas ilhas da Madeira e dos Açores e não no continente.

Representantes das nove organizações sindicais apresentaram a lista de reivindicações e lembraram os docentes o que os move.

A segunda ronda da greve por distritos começou na segunda-feira no distrito do Porto e, depois da passagem por Viseu, continua na quarta-feira no distrito de Vila Real.

Hoje, apesar de não ter “dados oficiais” sobre o impacto da greve, o dirigente da Fenprof em Viseu, admitiu escolas fechadas.

“Podemos dizer, com segurança, que hoje tivemos no distrito de Viseu uma grande greve de professores. A partir das 12:00 não houve, praticamente, aulas em Cinfães, em Armamar, em Santa Comba Dão, em Sátão e no concelho de Viseu são inúmeras as escolas que estiveram encerradas”, anunciou do palco Francisco Almeida.

Entre as duas centenas de docentes, de vários pontos do distrito, o Agrupamento de Escolas de Mangualde fez-se notar com t-shirts pretas que apresentavam o desenho do contorno do rosto de Frida Kahlo com a inscrição “Eu não me Kahlo”.

“O “não me Kahlo”, porque temos uma voz ativa, e ‘não me Kahlo’, em relação à Educação, em muitos aspetos. Sabemos brincar com as palavras, sabemos lutar e continuamos a trabalhar fora das nossas horas, como ainda agora o fazíamos”, disse Ana Santos.

Esta professora em Mangualde admitiu que os docentes estavam a aproveitar a manifestação para “combinar o encontro de amanhã [quarta-feira] com os alunos”, já que, esclareceu, vão “numa viagem de estudo de 72 horas para Barcelona”, Espanha.

“Mas já demos todas essas aulas, nenhum aluno ficou prejudicado. Vamos estar com os alunos três dias seguidos e já demos as nossas aulas para eles não perderem a matérias e cumprirmos com os programas”, esclareceu.

Ana Santos acrescentou que a ideia das camisolas partiu da professora da língua espanhola Inês Vale e deixou claro que “os professores brincam com as palavras, mas não com o trabalho” nas escolas.

“O trabalho é levado muito a sério por nós e ao Governo só exigimos respeito por esse mesmo trabalho e não, ‘não me ‘Kahlo’, se não for d euma maneira é de outra”, afirmou Ana Santos.

As nove organizações sindicais são a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a Federação Nacional da Educação (FNE), a Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), o Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (Sinape), o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (Spliu).