Presidente da Câmara de Viseu considera insuficiente 20% de apoio à restauração

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O presidente da Câmara de Viseu disse hoje que concorda com o critério do Governo para apoiar a restauração, mas considerou insuficiente os 20% definidos, uma vez que o Estado central “deve evitar um tsunami de encerramento” de empresas.

“Estou de acordo que se possa fazer aqui uma compensação, designadamente no que diz respeito à perda de receita da restauração. Parece-me bem o critério do e-fatura, mas tenho algumas dúvidas se os 20% definidos de compensação para a restauração serão suficientes”, adiantou Almeida Henriques.

O autarca acrescentou que a competência de apoio às empresas é do Governo” e, por isso, o “Estado Central tem de fazer com que a economia não se torne num enorme tsunami de encerramento de empresas”.

O autarca falava aos jornalistas sobre a integração de Viseu na lista dos concelhos, atualmente 191 no país, com mais casos de infeção e considerados de risco elevado de transmissão da covid-19.

Esta preocupação manifestada por António Almeida Henriques advém das conversas que teve com as pessoas do setor, designadamente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que disse que “considerava insuficiente esse tipo de apoio”.

“Terá de ser o Governo, que é quem tem a responsabilidade de dialogar com os vários setores, neste caso a restauração que será dos mais afetados com a limitação, sobretudo ao fim de semana a dialogar com a AHRESP para chegar a um acordo”.

O Governo “tem de encontrar o apoio certo. Se não for 20%, que seja 30% ou 40%, tem de ser aquilo que seja a percentagem adequada que compense o setor. O Governo tem de cumprir com o seu papel de contribuir para que menos empresas fechem”, apontou.

Almeida Henriques, antigo secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, do Governo de Passos Coelho, ​​sugeriu “uma das medidas utilizadas na ‘troika’, para evitar o encerramento de empresas”.

“Canalizar trabalhadores de empresas sem trabalho para ações de formação comparticipadas a 100% por fundos comunitários. Essa devia ser uma medida de apoio extremamente importante, para as empresas manterem as suas estruturas em funcionamento e para que pudessem, por essa via, serem comparticipadas”, defendeu.

Almeida Henriques pediu “alguma imaginação por parte do Governo para implementar medidas para que não se perca o tecido produtivo das diferentes vertentes”, até porque, no seu entender, “será, seguramente, mais caro no pós pandemia começar do zero do que manter as estruturas em funcionamento para depois arrancarem”.

“Além disso estamos a salvaguardar postos de trabalho e estamos a ajudar as empresas a sobreviverem neste momento difícil”, considerou o autarca, que assumiu que “o município não tem condições para apoiar financeiramente as empresas, mais do que já fez”.

Entre os apoios concedidos, como isenção de rendas, água, saneamento, isenção de taxas de esplanadas e reclames, “a autarquia contabilizou 3,7 milhões de euros e, para 2021, estima-se que seja na ordem dos 3,5 ME”.

“Mais do que isto não podemos ajudar, até porque Viseu nunca teve taxa de turismo, como, por exemplo, a de Lisboa e que foi arrecadando receitas que permitirão ter hoje uma almofada. Não pode haver medidas discriminatórias no país”, salientou.