O presidente da Câmara Municipal de Viseu disse hoje que vai abrir um novo concurso para os transportes públicos no concelho, devido ao prejuízo de 1,5 milhões de euros (ME) em 2023 por “muitas vicissitudes” do sistema.
“Demos conta de um sistema que, por muitas vicissitudes, não está a corresponder aos problemas. Tem críticas e, ainda por cima, causa o transtorno grande à Câmara de um défice de 1,5 ME”, justificou Fernando Ruas.
Aos jornalistas, no final da reunião pública do executivo municipal, o presidente da autarquia afirmou que o sistema de transportes do concelho – Mobilidade Urbana de Viseu (MUV) – “iria ser altamente deficitário para a Câmara, de uma forma incomportável”.
“Depois da [pandemia de] covid os transportes nunca mais se endireitaram. Houve quebra nas receitas e se as pessoas, antes, até começaram a ter grande utilização, [mas] depois baixou, houve um retrocesso”, sublinhou.
Neste sentido, o autarca adiantou que, juntamente com o operador dos transportes públicos, foi criada uma comissão paritária para fazer a “análise exaustiva” do sistema de transportes, o que levou à conclusão de que “é preciso um novo concurso”.
“Até ao novo concurso, temos de fazer um ajuste direto de acordo com o operador, com quem já falámos, e o novo concurso ditará as regras do jogo – não podemos é estar com défices anuais para a Câmara de 1,5 ME”, sustentou.
O autarca adiantou que “vai ser dado o apoio de compensação” que o Governo aprovou ao operador, “mas a ocupação continua deficitária, porque ainda não foi reposta a utilização” existente antes da pandemia.
No decorrer da reunião de hoje do executivo camarário, a vereadora Marta Rodrigues, do Partido Socialista (PS), na oposição, citou o relatório da comissão paritária, indicando que “a taxa de ocupação é de 23%” nos autocarros que ligam às freguesias.
“E no circuito urbano, nas linhas 1 e 2, os chamados C1 e C2, a taxa de ocupação é de mais de 50%”, acrescentou a vereadora sem pelouro Marta Rodrigues.
No final da reunião, aos jornalistas, Fernando Ruas não especificou outras conclusões do relatório, além da baixa utilização já que, segundo disse, “há autocarros a circularem praticamente vazios”.
“Sabemos que temos autocarros em condições que circulam com frequência e não há procura. Isso sabemos. E isso gera um défice impressionante que a Câmara não pode pagar e, por isso, a saída é um novo concurso”, reforçou.
O autarca esclareceu que, uma outra solução, já que o atual concurso está em vigor até 2029, “seria manter a situação, mas isso obrigava a autarquia a desembolsar 1,5 ME por ano e as pessoas a não estarem satisfeitas”.
Segundo Fernando Ruas, “o operador também tem interesse em resolver a situação e, por isso, está de acordo com um novo concurso que estará ajustado à realidade, tendo em conta as dificuldades” apontadas no relatório da comissão paritária.
“E eu vou combinar com os técnicos e juristas, porque não quererei da minha parte, a não ser que seja inevitável, um concurso tão longo. Se puder, fazemos um concurso de mais curta duração, para que não fiquemos nesta situação”, salientou Fernando Ruas.