Prazer, Camaradas!, de José Filipe Costa, exibido em ante-estreia em Viseu e mais três cidades e com estreia nacional dia 20 de Maio

No Portugal de 1975, estrangeiros e portugueses vivem a sua revolução sexual.
Prazer, Camaradas!, de José Filipe Costa – uma produção e distribuição Uma Pedra do Sapato – estreia dia 20 de Maio nas cidades portuguesas, nomeadamente, Lisboa, Porto, Coimbra, Setúbal, Leiria, entre outras.

Ainda no mês de Abril, acompanhando as comemorações do 25 de Abril de 1974, o filme é apresentado em ante-estreia, em quatro cidades: 21 de Abril, às 19h00, no Cineclube de Santarém, no Teatro Sá da Bandeira (com a presença do realizador), 22 de Abril, às 20h30, no Cineclube de Viseu, no Auditório do IPDJ, 23 de Abril, às 19h30, no Cineclube de Faro, no Club Farense (com a presença do realizador), e 24 de Abril, às 10h30, no Cineclube de Évora, no Auditório Soror Mariana (com a presença do realizador).

Em 1975, no Portugal pós-revolução de Abril, uma mulher e dois homens – Eduarda Rosa, João Azevedo e Mick Geer – viajam da Europa do Norte para trabalharem nas cooperativas das herdades ocupadas no Ribatejo. Como muitos outros, ajudam nas actividades rurais e pecuárias, dão consultas médicas, aulas de planeamento familiar, mostram filmes de educação sexual e participam nos bailes tradicionais. Vêm fazer a revolução sexual, abalando as velhas certezas de quem viveu tanto tempo em ditadura: como convivem homens e mulheres nas aldeias do Ribatejo? Por que é que as mulheres têm de ir virgens para o casamento? Por que é que só os homens têm direito ao prazer sexual?

Tendo estreado mundialmente no festival de Locarno, e com ante-estreia nacional, no Doclisboa, em Prazer, Camaradas! – um filme entre a ficção e o documentário – são abordados, de uma forma bem humorada, criticados e satirizados alguns comportamentos e valores do passado e impõe-se a igualdade entre homens e mulheres. Comportamentos estes que exercem um grande impacto na vida quotidiana como, por exemplo, a divisão das tarefas domésticas ou a violência exercida pelos homens sobre as mulheres. Em contraste, Prazer, Camaradas! mostra uma outra perspectiva da vivência da sexualidade, menos conservadora e mais centrada no papel – até aí bastante submisso – das mulheres.

Segundo José Filipe Costa, fazer Prazer, Camaradas! constituiu uma espécie de “jogo lúdico: propôs-se a actores não profissionais que dramatizassem as memórias de uma revolução que não foi apenas política, mas também sexual e de costumes. O filme desenvolve-se em quadros improvisados, confrontando as ideias e comportamentos de estrangeiros e portugueses sobre a intimidade e a vivência da sexualidade. Há a ambição de mostrar que a revolução não estava só a acontecer no palco politico-constitucional, mas também nas cabeças e nos corpos das pessoas”.

O argumento surgiu de um conjunto de relatos orais, textos literários e diários da época de estrangeiros e portugueses ex-exilados que, além de ajudarem nos trabalhos agrícolas, observavam e registavam o que viam e viviam com os portugueses. “Eram uma espécie de antropólogos improvisados que se encantavam e decepcionavam com o que viam, transcrevendo os poemas e os ditos dos camponeses, assinalando as distâncias pudicas entre os corpos nos bailes tradicionais ou descobrindo o trágico destino dos solteirões atingidos pela guerra colonial”, refere o realizador.

Fazendo um paralelismo sobre estes tempos e a actualidade, José Filipe Costa sublinha que “a desigualdade salarial entre homens e mulheres e os números de mulheres mortas e maltratadas pelos maridos em Portugal são altíssimos. Esperava-se que o movimento revolucionário desses tempos, que dramatizámos, tivesse sido mais rápido a transformar as leis não escritas do corpo e dos comportamentos. Afinal, passado e presente estão de tal modo misturados que é urgente perguntar: o que efectivamente mudou de lá para cá? Que liberdade foi esta que “passou por aqui”?

Para além da estreia nacional em Abril, Prazer, Camaradas! estreará comercialmente ao longo deste ano em países como Uruguai, Brasil, Islândia e Alemanha.

Após Linha Vermelha (2011) e Entre Muros, co-realizada com João Ribeiro (2003), Prazer, Camaradas! é a terceira longa-metragem de José Filipe Costa, que conta, na sua filmografia, com diversas curtas-metragens, como O Caso J. (2017), Povo Unido (2010) ou A Rua (2008), entre outras. Todos os seus filmes foram seleccionados em festivais nacionais e internacionais.

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